Os filmes da franquia se tornaram marcos visuais no cinema e exemplos do avanço da tecnologia em efeitos especiais. Mas, segundo o documentário da Disney+, intitulado Fogo e Água: Os Bastidores dos Filmes Avatar, a grandiosidade de teve um preço alto e não apenas financeiro. O próprio reconhece, logo no início da produção, que a decisão de filmar debaixo d’água trouxe uma avalanche de problemas. “No momento em que você decide fazer um filme dentro e embaixo d’água, e quer que pareça real, você acabou de abrir uma caixa de surpresas gigantesca”, diz o diretor.
James Cameron ignorou os pedidos da equipe e insistiu em filmar debaixo d’água
A complexidade das cenas foi tamanha que parte da equipe tentou mudar os planos. O diretor da segunda unidade e coordenador de dublês contou que pediu “diversas vezes” para Cameron reconsiderar e filmar em terra firme, usando cabos e efeitos visuais para simular o movimento da água, como fizeram produções como e o live-action de . Mas Cameron recusou todas as sugestões.
Por um tempo, o time de pesquisa e desenvolvimento chegou a testar sistemas de cabos e guindastes semelhantes aos usados em transmissões esportivas. Os atores seriam suspensos por fios, simulando o nado no ar. Contudo, como explicou o supervisor de produção visual Ryan Champney, havia dúvida se seria possível capturar as expressões e movimentos de tantos intérpretes de forma convincente.
O desafio técnico que nenhuma tecnologia conseguiu substituir
Mesmo com bons resultados nos testes, o desenhista de produção Dylan Cole notou que as diferenças eram perceptíveis: “Era um dos melhores trabalhos com cabos já vistos, mas, quando colocado lado a lado com algo filmado realmente na água, a diferença é imediata, simplesmente não dá para fingir isso.”
Cameron completou: “Não há como escapar da física quando se está capturando uma performance. As pessoas precisam realmente fazer os movimentos, porque a física se traduz até o resultado final e isso ou parece certo, ou não.”
A resistência da água, explica o diretor, afeta cada gesto dos atores, e essa interação é o que dá autenticidade às cenas. Por isso, ele exigiu que todos os movimentos fossem feitos embaixo d’água, sem truques digitais.
Gravar debaixo d’água em Avatar exigiu inovações inéditas e treinamento extremo do elenco
O maior obstáculo, porém, era técnico: câmeras de captura de movimento comuns não funcionam submersas, já que a luz infravermelha não atravessa a água. A solução encontrada pela equipe foi usar luz ultravioleta: eficiente embaixo d’água, mas inútil fora dela, o que obrigou a criação de dois sistemas separados de captura: um para cenas secas e outro subaquático.
Outro problema foram as bolhas de ar, que eram registradas pelos sensores como marcadores falsos, distorcendo toda a captura. Para resolver, os atores tiveram que aprender a prender a respiração durante as filmagens, sem usar cilindros de oxigênio. A atriz chegou a quebrar o recorde de , permanecendo mais tempo submersa em uma única tomada.
O resultado: realismo absoluto e o preço da perfeição
A equipe construiu tanques mecânicos que podiam ser levantados para ajustes de cenário e depois submersos novamente. Também usou hélices de navio para criar correntes reais e propulsores subaquáticos para facilitar o movimento dos atores. Apesar do custo e do esforço, o resultado convenceu até os céticos: as cenas de O Caminho da Água se tornaram referência em realismo e redefiniram o padrão de captura de performance no cinema.
No fim, fazer tudo “a seco” teria sido mais fácil e muito mais barato. Mas, como brinca o documentário, “não há orçamento grande demais — nem mar profundo o bastante — para James Cameron.”
Os dois primeiros filmes da franquia Avatar estão disponíveis no Disney+, e o terceiro longa, , estreia em 18 de dezembro de 2025.
Fonte: adorocinema






