Em 4 de setembro do ano passado, as enchentes no Rio das Antas destruíram a ponte de ferro que ligava os municípios gaúchos de Farroupilha e Nova Roma do Sul. Na época, o governo do Estado prometera reconstruí-la até 2025, ao custo de R$ 22 milhões. A população local, insatisfeita com o prazo, decidiu assumir as rédeas: estimou um orçamento quase seis vezes menor (R$ 6 milhões) e se mobilizou para arrecadar o dinheiro que viabilizaria a obra. Exatamente 138 dias depois, no último sábado, 20, os moradores inauguraram a nova ponte, batizada de Nossa Senhora de Caravaggio.
O presidente da Associação Amigos de Nova Roma do Sul, Tranquilo Tessaro, celebrou a inauguração da obra. Ele foi um dos responsáveis por mobilizar a população local. “Toda a economia do município passa por essa ponte”, afirmou Tessaro ao canal RBS TV, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul. “Tiveram pessoas que fizeram Pix de centavos, diziam que estavam desempregadas e que, no mês seguinte, fariam algo mais.”
A antiga ponte era o local onde caminhões transportavam as uvas de Nova Roma do Sul para as vinícolas em outras regiões do Rio Grande do Sul. Depois da destruição causada pelas enchentes, e enquanto o governo gaúcho projetava a ponte no valor de R$ 25 milhões, os moradores se mobilizaram e economizaram R$ 16 milhões dos cofres públicos.
A destruição da ponte afetou não apenas a economia local, mas também a área da saúde. Isso porque, sem a estrutura, os moradores de Nova Roma do Sul não conseguiam acessar o Hospital Beneficente São Carlos, em Farroupilha.
Segundo o jornal Gazeta do Povo, o prefeito de Nova Roma do Sul, Douglas Fávero Pasuch (PP), contou que o hospital referência para os cidadãos. “Perdemos a ligação de 48 km para 98 km”, afirmou. “A produção de uva e de peru, todo o insumo passa por essa rodovia. A nossa cidade se desenvolveu em cima da rodovia.”
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A associação arrecadou fundos de quatro formas: doação via Pix, ações sociais no município, doações de empresas e rifas. A meta era alcançar R$ 2 milhões somente com contribuições de empresas locais. Esse valor passou de R$ 3,7 milhões.
Ao todo, a arrecadação ultrapassou a marca dos R$ 7 milhões — valor que pode aumentar, porque a rifa continua. A organização pretende usar o dinheiro para investir em obras sociais ou de infraestrutura, uma decisão que vai partir dos moradores.
A estrutura antiga, de 1930, tinha quase cem anos e era o principal acesso à capital do Estado, Porto Alegre, sobre o Rio das Antas. A cidade praticamente se isolou depois de a enchente destruir a estrutura. O acesso se dava apenas por estradas, que aumentavam a viagem em pelo menos duas horas, ou por uma balsa, cujo serviço se interrompia logo que o rio subia.
O afirmou que a nova ponte vai seguir “padrões técnicos de qualidade”. Além disso, afirmou que “atenderá às necessidades logísticas do município, possibilitando o tráfego de cargas e de passageiros que a estrutura atual não comporta”.
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Como agora a construção da estrutura “oficial” não é mais uma emergência, o governo do Rio Grande do Sul explicou que a nova previsão de custo dependerá da reestruturação orçamentária, que finalizará em fevereiro. O novo prazo depende da definição do novo orçamento.
Segundo o Daer-RS, a população só conseguiu construir a primeira ponte porque o “governo traçou a rodovia estadual que leva à estrutura”. Informou também que, “sem essa medida, a associação municipal não poderia construir a nova estrutura, porque não haveria condições técnicas para isso”.
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Fonte: revistaoeste