A doação de R$ 30 milhões do fundo eleitoral do (PT) para a campanha do deputado federal (Psol) à Prefeitura de São Paulo gerou mal-estar na Executiva Nacional da sigla. O caso ganhou repercussão na imprensa nesta quinta-feira, 5.
A insatisfação não é apenas pelo valor transferido. Também se deve à forma como o repasse foi feito, ignorando as instâncias partidárias, conforme o jornal Folha de S.Paulo.
O veículo de comunicação relatou que, no grupo de WhatsApp da direção do PT, o secretário de relações internacionais do partido, Romênio Pereira, expressou sua preocupação. Ele apontou que a transferência dos recursos ocorreu no dia 2, antes de a Executiva Nacional discutir o assunto, previsto para a reunião da próxima terça-feira, 10.
“É inaceitável que uma decisão tão relevante, que afeta todos os membros do partido e nossas estratégias eleitorais, tenha sido tomada sem o devido debate e deliberação na instância competente”, disse Pereira, de acordo com a Folha.
O secretário petista é contra a doação de mais recursos para Boulos. Para ele, a verba poderá faltar para campanhas da legenda pelo país. Ele ressaltou, no entanto, que se submete a uma decisão da executiva do PT, mesmo que seja contra sua posição.
No grupo, a tesoureira do PT, Gleide Andrade, explicou que antecipou os depósitos do fundo eleitoral porque o exige o depósito dos fundos destinados a candidaturas de mulheres e pessoas negras até 8 de setembro.
Gleide Andrade esclareceu que transferiu o repasse para a campanha de Guilherme Boulos como uma doação para a campanha da candidata a vice-prefeita na chapa encabeçada pelo psolista, Marta Suplicy (PT).
“Todos aqui sabemos da importância política da eleição do Boulos”, disse Gleide. “Ganhar a maior capital do país é fundamental para nosso projeto político a longo prazo, e sobretudo para 2026.”
Em seguida, Pereira criticou a justificativa de Gleide. Nesse sentido, o secretário afirmou que a tesoureira tinha que ter antecipado a reunião da executiva do PT, pois havia um prazo.
À Folha, Gleide assumiu ter errado ao repassar valores à campanha de Boulos antes de deliberação por parte da executiva petista. “Talvez tenha sido um erro esse atropelo, mas nós temos uma maioria consolidada no partido para aprovar esse repasse”, disse a tesoureira. “Não ia mudar nada na essência.”
Fonte: revistaoeste