O esquerdista Gabriel Boric, presidente do Chile, disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva contar com ele para “construir uma esquerda e um progressismo democrático que respeite e faça respeitar os direitos humanos em qualquer lugar”.
A indireta foi feita na segunda-feira 5, primeiro dia de agenda oficial de Lula em Santiago, e é uma referência direta às eleições na Venezuela. O ditador Nicolás Maduro, diante de evidências de fraudes na votação, foi declarado vencedor pelo Judiciário do país, composto basicamente de aliados do ditador.
Enquanto Boric, logo depois das eleições de domingo 28, , Lula disse que não viu nada de “anormal” na reeleição do ditador.
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Agora, no Chile, Lula teve de ouvir a cobrança de Boric por uma posição verdadeiramente democrática. O petista, junto com aliados de Maduro — o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e o presidente do México, Andrés Manuel Lópes Obrador —, enviou uma carta em que cobra a divulgação das atas, voltou a “cobrar transparência” em declaração feita na segunda-feira no Chile.
“O respeito pela tolerância e o respeito pela soberania popular é [sic] o que nos move a defender a transparência dos resultados. O compromisso com a paz é o que nos leva a conclamar as partes ao diálogo e promover o entendimento entre governo e oposição”, afirmou Lula, durante pronunciamento no Palácio La Moneda.
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O presidente brasileiro relatou ter informado ao chileno, durante reunião privada, detalhes da articulação que vem fazendo com os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel López Obrador. A tentativa é convencer o regime de Maduro a publicar os comprovantes da votação.
Petro e López Obrador também são de esquerda e aderiram à aposta brasileira na diplomacia com Caracas. A ideia do Itamaraty era incluir Boric, mas ele ficou de fora do grupo, porque o Chile perdeu interlocução com a ditadura ao contestar a vitória de Maduro, que expulsou de Caracas o corpo diplomático chileno.
Outra discordância entre os principais líderes regionais é sobre a forma de certificação dos resultados das urnas. A verificação dos votos coloca Lula e López Obrador, de um lado, que defendem que a recontagem seja feita em um formato a ser acordado pelas forças políticas internas na Venezuela, desde que permita um escrutínio imparcial.
Do outro lado, Boric e Petro defendem uma checagem realizada por observadores internacionais, a única forma de garantir uma apuração independente.
Redação , com informações da Agência Estado
Fonte: revistaoeste