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Plano de Paz em Gaza: Primeira Fase e Próximos Passos Definidos

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O anúncio do presidente americano, Donald Trump, de que Israel e Hamas concordaram com uma primeira fase de seu plano de paz gerou uma comoção mundial na noite de quarta-feira (8), após meses de negociações fracassadas para um cessar-fogo. Contudo, nem todos os detalhes sobre esse acordo foram tornados públicos ou estão resolvidos até o momento.

Veja o que sabemos sobre a primeira fase do cessar-fogo

Alguns processos importantes dessa primeira fase, como a aprovação do acordo pelo governo israelense, ainda estão pendentes. O Conselho de Segurança deve se reunir na noite desta quinta para aprovar o documento.

Um alto representante do Hamas disse à AFP que Israel deve libertar cerca de 2.000 presos palestinos, incluindo 250 condenados por terrorismo, em troca de todos os reféns restantes em cativeiro – cerca de 48 (acredita-se que apenas 20 estejam vivos).

O canal saudita Al-Hadath noticiou nesta quinta-feira (9) que a contagem regressiva de 72 horas estabelecida no plano terá início após os militares israelenses presentes no enclave se dirigirem às linhas estabelecidas pelos negociadores. De acordo com o jornal Times of Israel, Israel permanecerá no controle de 53% de Gaza até a entrega de todos os reféns.

Contudo, segundo a imprensa americana, essa questão ainda não foi totalmente acordada entre Israel e Hamas. O plano de Trump previa que as forças israelenses recuassem até uma linha que seria marcada em amarelo no mapa. O Hamas solicitou a demarcação precisa dessa linha, buscando a saída dos militares de 70% de Gaza em troca da libertação de reféns, disseram mediadores árabes.

Em contrapartida, Israel rejeita a proporção requerida pelo grupo terrorista, defendendo a retirada militar de uma área menor. Apesar dessa divergência, o Exército israelense anunciou na manhã desta quinta que iniciou uma preparação para se deslocar de acordo com o que for estabelecido pelas partes.

Em entrevista à Fox News, na noite de quarta, Trump informou que todos os reféns devem ser libertados do enclave na segunda-feira (13). A questão que segue sem resposta é se o Hamas conseguirá cumprir esse prazo, visto que já afirmou em outras ocisões que perdeu o controle sobre a localização das vítimas e sugeriu que algumas podem não ser encontradas. O grupo pediu pelo menos 10 dias para localizar os corpos dos reféns mortos, segundo informaram fontes próximas às negociações ao Wall Street Journal.

Com o reposicionamento das tropas israelenses no enclave, o Hamas deve entregar todos os reféns vivos a Israel. Assim que todos eles retornarem, Israel deverá libertar 250 palestinos que estão em prisões israelenses e 1.700 palestinos que foram detidos em Gaza durante o conflito.

Essa lista ainda está sendo definida pelas autoridades israelenses. O Parlamento se reunirá nesta quinta para aprovar a libertação de presos palestinos.

Segundo o Journal, o Hamas tem pressionado para libertar o maior número possível de prisioneiros famosos, incluindo Marwan Barghouti, terrorista envolvido na revolta palestina do início dos anos 2000.

Após o anúncio de Trump, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, classificou o acordo como “um sucesso diplomático e uma vitória nacional e moral para o estado de Israel”. Apesar da declaração, membros de seu governo ainda demonstravam certa resistência com a aceitação do plano, algo que deve ser esclarecido após a votação desta tarde.

Espera-se, no entanto, que tanto o acordo de cessar-fogo quanto a libertação dos prisioneiros sejam aprovados com ampla margem de votos, mesmo com a rejeição de alguns ministros. Segundo a AP, após a divulgação da lista, as vítimas dos ataques perpetrados pelos terroristas terão 24 horas para solicitar à Suprema Corte israelense a suspensão das libertações, caso se oponham.

De acordo com Amichai Cohen, pesquisador sênior do instituto de estudos Israel Democracy, em Jerusalém, e especialista em leis de segurança nacional, apesar da abertura de recursos, a Suprema Corte nunca interveio para impedir a libertação de um prisioneiro em acordos anteriores.

Em contato com autoridades egípcias e outras pessoas envolvidas com o acordo, o Wall Street Journal informou que os mediadores ainda estão discutindo os arranjos para que o Hamas devolva os cerca de 20 reféns vivos mantidos há dois anos em Gaza, além dos corpos de cerca de 28.

Outra questão estabelecida nesta primeira fase é a entrada de ajuda em Gaza. A passagem de Rafah, pelo Egito, será aberta após o cessar-fogo entrar em vigor para facilitar a entrega de ajuda e permitir a entrada e saída de palestinos.

Próximos passos

Apesar da aprovação de uma primeira fase do plano de paz, pontos mais críticos nas negociações ainda carecem de consenso, como por exemplo o governo de transição que assumirá a administração do enclave, o desarmamento do Hamas e o reconhecimento de um Estado palestino.

Osama Hamdan, alto funcionário do Hamas, reiterou nesta quinta-feira à emissora Al-Araby que o grupo e facções aliadas palestinas não aceitam um governo de transição em Gaza gerenciado por Trump e pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

“Todas as facções, incluindo a Autoridade Palestina, não aceitam isso. Ninguém aceita o retorno ao colonialismo”, afirmou Hamdan.

Ele também informou que o grupo insistiu com a participação da ONU e de outros organismos internacionais na administração da ajuda humanitária. “Essas organizações têm boa reputação em lidar com pessoas e não precisam trazer mercenários e soldados aposentados para abrir fogo contra o povo palestino”, disse. Durante a guerra, Israel apresentou diversas evidências de ligação entre a agência de ajuda da ONU em Gaza e os terroristas do 7 de outubro.

Trump avalia uma viagem para o Oriente Médio, a fim de assinar o cessar-fogo entre as partes, e espera que as negociações bem-sucedidas desta semana abram caminho para um acordo de longo prazo que envolverá negociações sobre o desarmamento do Hamas e a formação de um governo interino para supervisionar Gaza. Essa etapa é considerada a mais desafiadora do plano de 20 pontos do republicano.

Fonte: gazetadopovo

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