O expressivo crescimento da margem de lucro na venda de gás de cozinha levou a Petrobras a reavaliar sua atuação no setor. A presidente da estatal, Magda Chambriard, afirmou nesta sexta-feira (8) que a companhia está interessada em retomar o mercado de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), após registrar atratividade financeira significativa no segmento.
Durante a apresentação do balanço do segundo trimestre de 2025, Chambriard criticou a política do governo anterior que retirou a Petrobras de setores como o etanol e o GLP. Para ela, a retomada desses mercados pode garantir rentabilidade e retorno estratégico. “Deixa a porta aberta, vai que ela traz um bom retorno para a companhia”, declarou.
Segundo nota técnica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a margem líquida das distribuidoras de GLP cresceu 188% entre 2019 e 2023. Nesse período, passou de R$ 285,22 por tonelada para R$ 821,90/t, superando a inflação de 48% medida pelo IGP-M da Fundação Getulio Vargas. A margem líquida representa a diferença entre o preço de revenda e os custos operacionais, influenciando diretamente os lucros.
A decisão da Petrobras de retomar esse mercado foi revelada na quinta-feira (7). A estatal havia deixado o setor em 2020, com a venda da Liquigás para grupos privados, sob o argumento de priorizar a exploração de petróleo e a redução da dívida.
Na nova estratégia, a estatal busca grandes clientes, especialmente indústrias e estabelecimentos comerciais. Claudio Romeo Schlosser, diretor de Logística, afirmou que a companhia já iniciou contatos para venda direta de GLP e estuda aproveitar sua infraestrutura atual.
O movimento coincide com a reativação do Complexo de Energias Boaventura, inaugurado em 2024, que processa gás do pré-sal e amplia a oferta de GLP no mercado nacional, reduzindo a dependência de importações.
A estatal também demonstrou interesse no setor de etanol. A nova diretora de Transição Energética, Angélica Laureano, destacou que a Petrobras busca parcerias minoritárias com grandes empresas do ramo, enxergando o etanol como estratégico na agenda de baixo carbono.
Apesar da queda de 24,3% no lucro em relação ao trimestre anterior, a Petrobras registrou R$ 26,7 bilhões no segundo trimestre de 2025, revertendo prejuízo do ano anterior. A empresa também anunciou a distribuição de R$ 8,66 bilhões em dividendos e Juros sobre Capital Próprio, dos quais 29% serão destinados ao governo federal e 8% ao BNDES.
Fonte: cenariomt