📝RESUMO DA MATÉRIA
- Os benzodiazepínicos, muito usados contra ansiedade e insônia, apresentam riscos significativos de dependência e sintomas graves de abstinência, conforme documentado no filme “As Prescribed” por meio de depoimentos pessoais.
- A iniciativa legislativa “Benzo Bill” implementaria diretrizes mais rigorosas de prescrição e exigiria consentimento informado obrigatório, apesar de enfrentar resistência de alguns profissionais médicos e da indústria.
- A comunidade médica permanece dividida quanto à segurança dos benzodiazepínicos, e a influência farmacêutica complica o debate e prejudica o bem-estar do paciente por meio de propagandas agressivas.
- Sistemas de apoio, como grupos online e o Ashton Manual, fornecem recursos para quem é dependente de benzodiazepínicos, ajudando na abstinência e na recuperação.
- Abordagens alternativas para controlar a ansiedade incluem soluções naturais como a técnica de EFT, ou tapping, e suplementos de GABA, além de fatores de estilo de vida como sono adequado, atividade física e exposição ao sol.
🩺Por Dr. Mercola
No tratamento convencional de saúde mental, os benzodiazepínicos sempre foram uma escolha comum para tratar ansiedade, insônia e várias outras condições. Medicamentos como Xanax, Ativan e Klonopin são prescritos a milhões de pessoas, oferecendo alívio temporário para quem enfrenta estresse e pânico intensos.
No entanto, conforme destacado no filme “As Prescribed”, o uso amplo de benzodiazepínicos traz riscos significativos de dependência, sintomas graves de abstinência e impactos profundos nas pessoas e em suas famílias. O documentário mostra o preço que a dependência de benzodiazepínicos cobra das pessoas, as disputas legislativas para regular sua prescrição, a divisão de opiniões dentro da comunidade médica e os sistemas de apoio que surgem para ajudar os afetados.
Narrativas pessoais: como a dependência de benzodiazepínicos afeta as pessoas
A essência de “As Prescribed” está nos testemunhos diretos e verdadeiros de indivíduos e famílias destruídos pela dependência de benzodiazepínicos. A história de Geraldine Burns é um exemplo comovente. Para começar, Geraldine recebeu a prescrição de Ativan no pós-parto e logo se viu presa em um ciclo de tolerância e abstinência.
Sua narrativa destaca a luta silenciosa que muitos enfrentam. Eles acreditam estar tomando o remédio conforme a indicação, mas acabam descobrindo efeitos colaterais debilitantes que comprometem sua qualidade de vida. “Tenho que passar por isso todos os dias, como se estivesse refazendo tudo de novo”, diz Geraldine, enfatizando a natureza implacável da abstinência de benzodiazepínicos.
A trajetória de Scott Peterson ilustra ainda mais o impacto devastador, tanto físico quanto mental, desses medicamentos. De um levantador de peso de 93 quilos a alguém que perdeu muito peso e ficou acamado, a transformação de Peterson revela o impacto devastador que os benzodiazepínicos causam no corpo e na mente. Sua agorafobia e incapacidade de participar de atividades que antes amava ilustram de forma contundente o isolamento e o desespero que acompanham a dependência.
Amy, a parceira de Peterson, representa os desafios enfrentados pelos cuidadores. Equilibrar o próprio bem-estar ao mesmo tempo em que apoia Peterson na dependência e na recuperação mostra o fardo muitas vezes esquecido que os familiares carregam. Outras experiências pessoais acrescentam camadas a essa narrativa, demonstrando como a abstinência de benzodiazepínicos se cruza com outros desafios da vida, como enfrentar o câncer ou a tentativa de voltar à rotina de atividades como escalada.
Essas histórias pessoais não são casos isolados, mas parte de um quadro mais amplo de vidas desestruturadas pelo uso indevido de benzodiazepínicos. Elas funcionam como um alerta urgente para uma maior conscientização e mudança sistêmica em como esses medicamentos são prescritos e administrados.
A batalha legislativa: elaborando o projeto de lei sobre benzodiazepínicos
Em meio às tragédias pessoais, “As Prescribed” também relata os esforços intensos de ativismo para enfrentar o uso indevido de benzodiazepínicos por meio de ação legislativa. Burns e seu filho Garrett surgem como figuras-chave nessa luta, liderando a criação do “Benzo Bill”. A motivação deles é clara: frear a prescrição excessiva e a dependência associada a esses medicamentos, implementando diretrizes mais rigorosas e exigências de consentimento informado.
As principais disposições do projeto de lei garantem que os benzodiazepínicos sejam prescritos de forma responsável, com foco no uso de curto prazo e na educação completa do paciente sobre os riscos. O consentimento informado torna-se fundamental, exigindo que os pacientes estejam bem cientes dos perigos do uso prolongado e da dependência antes de receberem a prescrição.
As audiências do comitê revelam o caráter controverso desse esforço legislativo. Depoimentos de pessoas afetadas, como Burns e Peterson, evidenciam bastante a necessidade do projeto de lei. No entanto, a oposição de certos profissionais e organizações médicas, como a Massachusetts Medical Society, ressalta a resistência à mudança dentro do meio médico.
Esses opositores afirmam que os benzodiazepínicos são seguros quando usados de maneira correta e temem que o projeto possa restringir o acesso para quem de fato precisa desses medicamentos. Apesar desses desafios, o projeto recebe apoio significativo das pessoas que superaram os benzodiazepínicos e de seus defensores. A carga emocional e os dados de seus testemunhos desempenham um papel crucial na promoção do projeto de lei.
Comunidade médica e influência farmacêutica
O debate em torno dos benzodiazepínicos fica ainda mais complicado pelas opiniões divididas na comunidade médica e pela forte influência das empresas farmacêuticas. De um lado, psiquiatras como o Dr. Carl Salzman e o Dr. Ed Silberman defendem os benzodiazepínicos, alegando que são seguros e eficazes quando prescritos de forma adequada.
Eles afirmam que esses medicamentos estão entre os mais seguros para lidar com ansiedade e outras condições, informando que o uso indevido e a prescrição excessiva são os verdadeiros responsáveis pelos problemas de dependência. Mas defensores e sobreviventes, como Burns, contestam essa visão, apontando a falta de supervisão e as falhas sistêmicas nas práticas de prescrição.
Eles destacam a ausência de protocolos padronizados de redução gradual e o treinamento insuficiente que os médicos recebem sobre dependência e abstinência de benzodiazepínicos. Essa divisão se agrava ainda mais pela influência das empresas farmacêuticas, que muitas vezes moldam as diretrizes médicas e os hábitos de prescrição por meio de financiamento e apoio à pesquisa, resultando em conflitos de interesse.
Além disso, os interesses das empresas farmacêuticas comprometem o bem-estar do paciente, pois muitos profissionais médicos acabam priorizando a eficácia e as vendas do medicamento em vez da saúde do paciente a longo prazo. Essa tensão entre os interesses farmacêuticos e a defesa dos pacientes cria grandes obstáculos para reformar as práticas de prescrição de benzodiazepínicos, tornando ainda mais essenciais as mudanças legislativas e de políticas públicas.
Redes de apoio e recursos para usuários de benzodiazepínicos
Em resposta ao problema generalizado da dependência de benzodiazepínicos, surgiram redes de apoio e recursos para ajudar os afetados. Grupos de apoio online, como o que Burns criou, oferecem uma plataforma para as pessoas compartilharem experiências, trocarem apoio mútuo e divulgarem informações valiosas sobre como lidar com a abstinência e a recuperação.
Essas comunidades são importantes para promover solidariedade entre quem passa por isso, ajudando-os a percorrer a jornada complexa e solitária de superar a dependência. O Ashton Manual, outro recurso fundamental mencionado no filme, traz diretrizes abrangentes para reduzir aos poucos o uso de benzodiazepínicos com segurança.
Desenvolvido pela professora Heather Ashton, o manual é considerado uma ferramenta essencial tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde, destacando a redução gradual da dosagem para amenizar os sintomas de abstinência.
Sua divulgação tem sido fundamental para educar pacientes e médicos sobre as realidades da abstinência de benzodiazepínicos e a importância de processos controlados de redução gradual. O Dia Mundial de Conscientização sobre Benzodiazepínicos, comemorado em 11 de julho de cada ano, faz parte da iniciativa mundial de mostrar os riscos do uso prolongado desse tipo de medicamento.
Por meio de atividades como distribuição de folhetos, realização de seminários e uso das redes sociais, os defensores ajudam a educar o público, influenciar políticas e reduzir o estigma em torno da dependência de benzodiazepínicos. Essas campanhas de conscientização estão mudando a percepção do público e criando um ambiente mais informado e solidário para os afetados.
Desafios na abstinência e recuperação
O processo de parar de tomar benzodiazepínicos é repleto de desafios, como mostram os depoimentos em “As Prescribed”. Os sintomas de abstinência variam de desconfortos físicos graves, como dores de cabeça, espasmos musculares e problemas de equilíbrio, a sofrimento psicológico intenso, incluindo ansiedade, depressão e alucinações.
Esses sintomas costumam levar as pessoas a buscar ajuda médica, mas elas acabam presas em um ciclo de dependência, já que muitas vezes os médicos não fornecem suporte adequado ou estratégias apropriadas de redução gradual. Há várias barreiras que dificultam um tratamento eficaz. Entre as barreiras médicas está a falta de protocolos padronizados para a redução gradual de benzodiazepínicos e o treinamento insuficiente dos profissionais de saúde para lidar com dependência.
Barreiras financeiras e sociais, como o alto custo do tratamento, o estigma associado à dependência e a falta de boas redes de apoio, complicam ainda mais o processo de recuperação. Muitas vezes, as pessoas se veem tentando navegar em um sistema de saúde complicado, sem orientação ou recursos suficientes, o que agrava suas dificuldades.
Apesar desses obstáculos, histórias de sucesso trazem um fio de esperança. Pessoas como Burns demonstram resiliência e determinação ao reconquistar suas vidas após a dependência de benzodiazepínicos. Com uma combinação de grupos de apoio, recursos como o Ashton Manual e determinação pessoal, muitos conseguem lidar com os sintomas de abstinência e, aos poucos, reconstruir suas vidas.
Entretanto, o caminho para a recuperação continua difícil, com muitos ainda enfrentando recaídas e desafios constantes em sua jornada de cura.
Um panorama mais amplo da comparação entre benzodiazepínicos e opiáceos
As questões em torno da dependência de benzodiazepínicos guardam semelhanças marcantes com a crise dos opiáceos, oferecendo lições valiosas para abordar de forma mais ampla o uso indevido de medicamentos prescritos. Ambas as classes de medicamentos foram prescritas por razões médicas específicas, mas acabaram se tornando fontes de grandes crises de saúde pública por conta de prescrição excessiva, uso indevido e dependência.
As respostas legislativas e de saúde pública à crise dos opiáceos, que envolvem diretrizes de prescrição mais rigorosas, maior conscientização pública e redes de apoio melhores, podem servir de modelo para combater o uso indevido de benzodiazepínicos. Leis como o Benzo Bill se inspiram nas regulamentações sobre opiáceos para exigir consentimento informado, restringir prescrições de longo prazo e garantir que os pacientes estejam bem cientes dos riscos associados ao uso de benzodiazepínicos.
Além disso, como o uso indevido de medicamentos prescritos é um problema global, fica evidente a necessidade de colaboração internacional e de práticas padronizadas. Assim como a crise dos opiáceos desencadeou esforços no mundo inteiro para regular e monitorar prescrições, o uso indevido de benzodiazepínicos exige uma resposta coordenada que ultrapasse fronteiras nacionais, garantindo que as melhores práticas sejam compartilhadas e aplicadas universalmente para proteger a saúde e o bem-estar do paciente.
Uma luz no fim do túnel: reconstruindo vidas e definindo políticas
Apesar dos grandes desafios que a dependência de benzodiazepínicos impõe, as histórias de recuperação e resiliência trazem uma perspectiva esperançosa. Pessoas como Peterson e Amy mostram que, com os sistemas de apoio e recursos adequados, é possível retomar o controle da própria vida e reconstruir os relacionamentos e o bem-estar pessoal.
Suas jornadas evidenciam o poder do apoio comunitário, de recursos bem fundamentados e da defesa contínua na superação das garras da dependência. Se você está lutando contra a ansiedade, a Técnica de Libertação Emocional (EFT) é uma ferramenta prática para alívio rápido dos sintomas de ansiedade. A EFT segue os mesmos canais de energia utilizados na acupuntura. A EFT usa toques com as pontas dos dedos, e afirmações positivas, em vez de estimular esses pontos com agulhas.
Se você procura outra opção natural para alívio da ansiedade e do estresse, o ácido gama-aminobutírico (GABA), disponível em suplementos e chás, vale sua atenção. O GABA é um neurotransmissor poderoso que inibe a atividade neuronal excessiva, ajudando a induzir um estado natural de calma em estudos com animais, além de reduzir comportamentos relacionados à depressão.
Baixos níveis de GABA ou problemas no funcionamento desse neurotransmissor estão associados a várias condições de saúde mental, incluindo estresse crônico, transtornos de ansiedade e distúrbios do sono como a insônia. A exposição regular ao sol, a atividade física e o sono adequado também são essenciais para manter a mente saudável.
À medida que grupos de defesa continuam lutando por mudanças e as pessoas que superaram o vício compartilham suas histórias, o ímpeto coletivo cresce em direção a um futuro em que os benzodiazepínicos sejam prescritos apenas com extrema cautela, a dependência seja prevenida e aqueles afetados pelo uso indevido recebam o apoio e os cuidados de que necessitam.
Os esforços contínuos para aumentar a conscientização, definir políticas e oferecer boas redes de apoio são fundamentais para criar um cenário em que a medicina priorize a segurança, o consentimento informado e o cuidado compassivo do paciente.
Fonte: mercola