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Saúde

Peixes que se protegem com anêmonas: uma incrível estratégia de sobrevivência

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Nas profundezas do oceano, onde a escuridão é quase total e te faz lembrar das cenas assustadoras de “Procurando Nemo”, cientistas descobriram um costume improvável entre peixinhos abissais.

Um pequeno pomfret, um tipo de peixe que habita as águas profundas, parecia soprar uma bolha de chiclete – mas o que saía de sua boca era, na verdade, a larva de uma anêmona-do-mar.

A imagem, capturada por mergulhadores noturnos conhecidos como blackwater divers, ajudou pesquisadores a documentar um comportamento até então desconhecido: jovens peixes interagindo com anêmonas em estágio larval, seres urticantes e parentes das águas-vivas.

O estudo, publicado recentemente no Journal of Fish Biology, foi liderado por Gabriel Afonso, doutorando no Virginia Institute of Marine Science. Ele e sua equipe analisaram centenas de fotografias tiradas durante mergulhos em águas abertas na Flórida e no Taiti, em profundidades de 8 a 15 metros, revelando que larvas e juvenis de diversas espécies – entre elas pomfrets, peixes-lixa e jacks – carregam ou nadam próximos a pequenas anêmonas flutuantes.

Os pomfrets vivem a mil metros de profundidade, mas vêm à superfície ao anoitecer para se alimentar. É assim que os fotógrafos de plantão conseguem clicar esses e alguns outros peixes abissais.

O contato com organismos capazes de liberar toxinas poderia dissuadir predadores. O mergulhador Richard Collins, um dos coautores, descreve a estratégia como uma espécie de “defesa da pílula venenosa”. “Algumas espécies de peixes vulneráveis, em fase larval ou juvenil, usam espécies invertebradas aparentemente para fins de defesa”, disse em comunicado. “Eles encontram algo nocivo ou mesquinho e simplesmente o carregam consigo.”

É como se os peixes estivessem dizendo: “Pode me comer, mas vai engolir esse veneno junto”, disse ao The New York Times.

As imagens sugerem que, ao contrário das anêmonas adultas que se fixam ao fundo do mar, as larvas flutuam livremente e podem até se beneficiar da associação com os peixes, usando-os como meio de dispersão. Ainda assim, os cientistas reconhecem que há muito a descobrir: como os peixes conseguem segurar as anêmonas sem se ferir? Quanto tempo dura essa relação? E como se alimentam enquanto têm outro animal preso à boca?

Essas perguntas estão levando os pesquisadores a repensar a infância dos peixes. Tradicionalmente, larvas marinhas eram estudadas em laboratório, após serem capturadas em redes. Agora, graças à fotografia subaquática noturna, os cientistas podem observar esses animais vivos, em ação, no ambiente natural.

Para Afonso, as imagens obtidas por mergulhadores são “um tesouro”. Elas não apenas registram comportamentos inéditos, mas também oferecem pistas sobre as cores, formas e transformações dessas criaturas antes de chegarem à vida adulta.

A parceria entre cientistas e mergulhadores recreativos está transformando a pesquisa marinha. “Há uma beleza real nessa colaboração”, disse Afonso ao jornal americano. 

Agora, Afonso espera continuar desvendando o mundo desconhecido das águas profundas por meio da fotografia. Seu parceiro, Collins, parece concordar: “O que as pessoas não percebem é quanta vida existe lá fora, logo abaixo da superfície”, acrescentou Collins, “e que há essa migração incrível que acontece todos os dias”.

Fonte: abril

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