A citricultura paranaense, uma das principais cadeias produtivas do Estado, está recebendo um reforço estratégico com a ampliação da Operação BIG Citrus, que tem como foco principal a redução da incidência de greening, doença sem cura e considerada a mais destrutiva para os citros no mundo. Desde segunda-feira (12) até sexta-feira (16), uma força-tarefa com 40 servidores da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) está atuando em 18 municípios das regionais de Cornélio Procópio e Londrina, no Norte do Paraná.
As ações incluem visitas a pomares comerciais e propriedades urbanas com árvores cítricas, além de residências com a planta ornamental murta, que também serve de hospedeira para o inseto vetor da doença. “As atividades visam à conscientização, fiscalização e reforço nas medidas de prevenção e controle do greening”, destacou Caroline Garbuio, coordenadora do programa de Citricultura da Adapar. Um mapeamento prévio identificou focos da doença nessas regiões, que estão entre as maiores produtoras de frutas cítricas do Paraná.
A estratégia segue as legislações federal e estadual e determina o corte obrigatório de plantas com até oito anos que apresentem sintomas da doença, bem como árvores localizadas em um raio de até quatro quilômetros de pomares comerciais. Todos os produtores devem apresentar plano de manejo efetivo do vetor. A medida vale tanto para propriedades rurais quanto urbanas, inclusive as destinadas apenas ao consumo familiar.
O trabalho tem o apoio da Polícia Militar, das prefeituras e da Cooperativa Agroindustrial Integrada. A operação, embora concentrada nesta semana, não será pontual: a fiscalização será contínua e os fiscais locais manterão o combate à doença como prioridade. A abordagem já foi implementada com sucesso na região Noroeste, especialmente em Paranavaí, onde a força-tarefa em 2023 resultou em redução significativa dos focos da doença.
Conhecido tecnicamente como HLB (Huanglongbing), o greening é transmitido pelo psilídeo asiático dos citros (Diaphorina citri Kuwayama), um inseto que se desloca entre propriedades. Isso torna essencial o trabalho coordenado entre produtores, cooperativas, poder público e sociedade. O greening causa queda prematura dos frutos, que ficam pequenos, deformados, menos doces e mais ácidos, inviabilizando tanto o consumo in natura quanto o uso industrial.
Durante a ação em Uraí, fiscais apreenderam um caminhão com 40 mudas de citros transportadas de forma clandestina. O comércio ambulante de mudas é proibido no Paraná devido à falta de controle fitossanitário. As plantas foram destruídas e foi emitido auto de infração.
Para conter a disseminação da doença, o Paraná permanece em situação de emergência fitossanitária desde setembro de 2023. A orientação é que agricultores adquiram mudas apenas de fornecedores autorizados e nunca de vendedores informais. “O controle só é eficaz se for feito de forma conjunta”, reforçou Garbuio.
De acordo com o Valor Bruto da Produção (VBP) de 2023, levantado pelo Deral, os citros ocupam 29,3 mil hectares no Estado, sendo a laranja o principal cultivo, com 20,8 mil hectares, seguida por tangerina (7,1 mil ha) e limão (1,3 mil ha). A produção somou 860,9 mil toneladas, gerando mais de R$ 985 milhões em renda, com destaque para os núcleos de Cornélio Procópio (R$ 81,8 milhões) e Londrina (R$ 15 milhões).
A Operação BIG Citrus ocorre nos municípios de Assaí, Bandeirantes, Congonhinhas, Cornélio Procópio, Jataizinho, Londrina, Nova América da Colina, Nova Santa Bárbara, Rancho Alegre, Ribeirão do Pinhal, Santa Cecília do Pavão, Santa Amélia, Santa Mariana, Santo Antônio do Paraíso, São Jerônimo da Serra, São Sebastião da Amoreira, Tamarana e Uraí.
Fonte: cenariomt