Bichinhos fofinhos e esquisitos estão por toda a natureza. E esse em questão é tão divertido quanto uma fantasia de Dia das Bruxas: o panda-esqueleto-do-mar, batizado oficialmente de Clavelina ossipandae. Trata-se de um ascídia, tipo de animal marinho filtrador que vive fixo a recifes quando adulto – porém quando no estágio larval, se locomovem para encontrar um substrato para se prender.
O animal foi encontrado nas águas da ilha de Kumejima, no Japão, e ficou famoso antes mesmo de ser conhecido pela ciência. As primeiras imagens circularam nas redes sociais em 2017, postadas por centros de mergulho locais. O visual inusitado, com manchas pretas que lembram olhos e nariz de ursos panda e linhas brancas que parecem ossos, chamou a atenção não só dos internautas, mas também, claro, de biólogos.
“O que parece um esqueleto são, na verdade, vasos sanguíneos que atravessam horizontalmente as brânquias do animal”, explica Naohiro Hasegawa, pesquisador da Universidade de Hokkaido e coautor do artigo que descreveu a espécie em 2024, na revista Species Diversity. “Já as manchas pretas na cabeça, que lembram um rosto de panda, são apenas padrões. Ainda não sabemos exatamente qual a função delas.”
O Clavelina ossipandae é um animal pequeno. Mede no máximo dois centímetros e vive em colônias de até quatro indivíduos, fixados em rochas e recifes, geralmente em locais com fortes correntes, a cerca de 20 metros de profundidade. Alimenta-se filtrando o plâncton e matéria orgânica da água.
Além de sua reprodução assexuada, que permite formar colônias a partir de um único organismo, os pandas-esqueleto também são hermafroditas, possuindo tanto órgãos femininos quanto masculinos. Isso os torna altamente adaptáveis à vida nos recifes.
Em 2021, após o animal viralizar na internet e ser destaque em programas de TV japoneses, pesquisadores liderados por Hasegawa organizaram uma expedição financiada por crowdfunding para coletar espécimes na região de Tonbara, um espaço rochoso próximo à ilha de Kume. A área só é acessível durante o inverno, devido às condições das marés e do vento. Ou seja, encontrar os pandinhas foi um desafio.
Após análises detalhadas, o grupo confirmou: tratava-se de uma espécie desconhecida até então. O nome científico combina referências ao formato do corpo: Clavelina significa “pequena garrafa”, com os termos latinos os (osso) e pandae (panda), em alusão à sua aparência esquelética e às manchas que lembram o famoso mamífero.
Fonte: abril