No município de Brasnorte, a campanha Outubro Rosa deixou de ser apenas uma ação pontual de um projeto local e se tornou parte das ações municipais de conscientização e prevenção ao câncer de mama. O movimento começou em 2021, dentro do projeto “Fomentando a Cadeia Produtiva do Leite em Brasnorte”, executado pela Cooperativa Mista Água da Prata (Cooperprata) e apoiado pelo Programa REM MT.
O projeto, que nasceu com foco no fortalecimento da cadeia produtiva do leite, ganhou contornos significativos para a comunidade. Levando informação, incentivando a prevenção e promovendo o acolhimento de mulheres de comunidades rurais, que vivem mais distantes do acesso à saúde e necessitam de ações estratégicas de cuidado.
O coordenador da iniciativa, Robson Vicente de Almeida, lembra que o primeiro evento aconteceu logo após a pandemia de Covid-19, quando a comunidade voltava a se reunir e sentia a necessidade de recomeçar as ações paralisadas.
“Quando fizemos o Projeto do REM em 2019, tinha um eixo específico que tratava do Outubro Rosa, com recurso para divulgar o evento e acolher as mulheres. Começamos em 2021, logo após a pandemia. A Secretaria de Saúde gostou muito da ideia e, desde então, realizamos todos os anos, com palestras, depoimentos e sorteios. Ficou um dia descontraído, de muita alegria, mas principalmente de cuidado”, recorda Robson.
O evento cresceu e, a cada edição, reuniu mais mulheres. Vieram histórias, momentos de descontração, abraços, e também lágrimas de emoção. O que começou como uma simples ação virou um encontro aguardado por todas.
Em 2025, o salão do Posto de Saúde da cidade ficou pequeno para tanta participação. Cerca de 60 mulheres ocuparam o espaço para ouvir, aprender e compartilhar: “A procura foi tanta que teve mulher ficando para fora”, contou Robson. “E agora, é a própria equipe de saúde do município que nos procura para garantir que o evento aconteça”, conta ele.
Entre tantas histórias marcantes que nasceram desse movimento, uma delas se tornou símbolo da força que o Outubro Rosa representa. A enfermeira Jesieli Refundini, que desde o início acompanhava as ações na comunidade de São Bento, viveu na pele aquilo que por anos ensinou a outras mulheres: a importância da prevenção.
“Sou enfermeira da Atenção Básica, e na época fui procurada pelo presidente da Cooperprata para fazer o trabalho do Outubro Rosa. Fiquei muito feliz, porque era um trabalho que eu já fazia, mas tínhamos escassez de recursos. A ajuda do Projeto REM foi um privilégio para as mulheres das comunidades rurais, que estão tão longe de tudo”, relembra Jesieli.
Ela participou das campanhas levando palestras e orientações e também participando das ações de coletas de preventivos e exames clínicos para dezenas de mulheres. Na campanha de 2022, ela fez um discurso que a marcou: “Eu disse que no próximo ano era pra estarmos todas ali, com nossos exames feitos e bem. E que, se algo não estivesse bem, que tratássemos e ficássemos boas.”
Meses depois, em fevereiro de 2023, Jesieli recebeu o diagnóstico de câncer de mama: “Não foi um diagnóstico fácil, fiz todo o procedimento, todo o tratamento. Hoje, em 2025, eu me sinto curada, estou curada, trabalhando e fazendo aquilo que eu mais amo fazer, que é a prevenção”, conta a enfermeira.
Ela agradeceu ao Programa REM MT e a cooperativa pela iniciativa da campanha anual.
“Sou grata ao Programa REM e à Cooperprata por ter me convidado para essa parceria tão bonita e a comunidade só tem a agradecer, eu tenho certeza. Uma comunidade que recebe pouco por conta da distância e da logística, tudo que chega até eles é muito bem-vindo e eles recebem com gratidão”, finaliza.
O exemplo de Jesieli e a continuidade da campanha são reflexos de um trabalho coletivo que uniu cooperados, poder público e comunidade em torno de um mesmo propósito: salvar vidas por meio da informação e do cuidado.
Essa iniciativa se alinha com as metas do Programa REM MT de preservar a floresta, cuidando das pessoas que vivem e se sustentam dela, como os agricultores familiares e comunidades tradicionais do estado. Cuidar dessas pessoas é cuidar do meio ambiente.
O Programa REM MT reafirma seu compromisso não apenas com o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento das cadeias produtivas, mas também com a valorização das pessoas que constroem esses territórios, especialmente as mulheres que vivem e produzem nas comunidades e assentamentos rurais de Mato Grosso.
O Programa REM MT é uma premiação dos governos da Alemanha e do Reino Unido, por meio do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW), ao Estado de Mato Grosso pelos resultados na redução do desmatamento.
Na fase I, o Programa REM MT apoiou 155 projetos, beneficiando 131 organizações sociais, entre elas, 104 associações ou cooperativas. Os projetos abrangem os três biomas de Mato Grosso: Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Dentre os resultados alcançados, destacam-se as mais de 500 aldeias atendidas, onde vivem 43 povos indígenas, os 108 municípios mato-grossenses beneficiados, as mais de 44 mil pessoas atendidas e os 160 mil hectares de desmatamento evitados em Mato Grosso por meio da atuação do REM MT, nos anos de 2021 e 2022.
O Programa REM MT é coordenado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), e tem como gestores financeiros o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e a Fundação Amazônia Sustentável (FAS). Para sugestões, reclamações ou esclarecimentos, fale com a ouvidoria da SEMA pelo telefone: 0800 065 3838 ou (65) 99321-9997 (WhatsApp).
Fonte: gazetadigital






