Chegamos a dezembro, mais um final de ano e parece novamente que passou rápido demais. Será verdade? Tempo é uma questão relativa, são muitas as variáveis ligadas a ele, inclusive aquelas relacionadas ao aspecto emocional.
Às vezes, achamos que as horas e dias estão velozes, correndo muito, como se quisessem alcançar o inalcançável; outras vezes parece que não saem do lugar, como se estivessem exaustos pelos milhões de anos vividos, principalmente dos últimos tempos, cheios de sons e luzes, letras e números.
Quantas vezes queremos dormir muito para não sentir a dor de um tempo que não anda? Quantas vezes pensamos em passar noites em claro para aproveitar um pouco mais um tempo que corre muito rápido.
Temos perguntas, que são muitas; temos respostas, mas todas incertas, não há certeza de nada. Talvez haja relação com o movimento do próprio universo, ou com a quantidade desenfreada de nossos compromissos. Pode ter a velocidade relacionada com os nossos interesses – o que é bom parece passar mais rápido, enquanto amargamos momentos ruins, que parecem nos enclausurar em horas intermináveis.
A velocidade do tempo pode ser devido aos nossos medos, que estendem as horas para além da nossa imaginação. A apreensão com o futuro atormenta o presente, que parece estacionar, vivendo o temor que se perpetua.
Quando se parte para estudos sobre o tema, depara-se com uma série de possibilidades. Uma delas diz que nossas rotinas nos fazem viver repetições diárias e experiências semelhantes dão a impressão de maior celeridade do tempo.
Outros fatores observados são os estímulos excessivos, as múltiplas tarefas do mundo moderno e a vida digital, cada vez mais tecnológica, que nos detém a atenção, impedindo a real observação da passagem das horas. Alguns estudos reportam-se à alteração do processamento neural com a idade, que pode prejudicar a percepção do tempo, que parece por vezes mais alongado.
A percepção, ainda que errônea, de que o tempo está mais rápido, pode ter impactos na saúde mental. A sensação de que os anos voam pode nos levar a uma ansiedade existencial e desconforto por termos deixado de aproveitar mais a vida; o arrependimento por abrirmos mão de muitas coisas, que poderiam ter sido realizadas e não o foram.
Outras vezes fazemos um apanhado de nossas existência e nos sentimos correndo contra o tempo, agora mais veloz do que nossos desejos.
O tempo passa rápido talvez porque nos prendemos ao passado, não apenas ao que fizemos, como também a muito daquilo que deixamos de fazer. Chegamos reiteradamente a tentar preencher nosso tempo com coisas que achamos que deixamos de fazer e nos arrependemos por isso.
Existe, porém, o outro lado da moeda, quando admitimos que a vida é finita, que o tempo passa, devagar ou rapidamente, e que precisamos aprender a priorizar nossos interesses em cada fase da vida e eleger outros mais quando, e se, ultrapassarmos de fase. Ano após ano, com mais maturidade, podemos fazer os ajustes necessários aos nossos interesses.
Afinal de contas, o mundo moderno é hiperestimulado, não apenas de estímulos sonoros e luminosos, como também de mensagens que brotam de diversas partes do mundo, da diversidade que muitas vezes choca gerações, das noites infindas para compensar os dias curtos, frente ao tamanho da demanda de estímulos.
É claro que, em meio a tudo isso, vamos ter a percepção de um mundo que gira mais rápido, que os dias passam depressa e que nossa vida parece estar mais curta. Isso pode sim nos gerar ansiedade, mas como combater isso? Precisamos apenas entender que mais importante do que diminuir a velocidade do tempo, é saber preenchê-lo, é desacelerar, eleger prioridades, desapegar de tanto estímulo, tentar dormir bem e mais cedo na maioria dos dias da semana.
Paralelamente a isso, não abrir mão do lazer com a família e amigos. Não há nada mais certo do que a frase atribuída a Alexandre Kalache: “É mais importante dar vida aos anos do que anos à vida”.
Fonte: primeirapagina






