O livro Diário do Tremembé – O Presídio dos Famosos, escrito pelo ex-prefeito e jornalista Acir Filló, voltou ao centro das atenções após aparecer na série , nova produção de true crime do Prime Video. A obra, que reúne relatos e bastidores da Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado — o famoso presídio de Tremembé, no interior de São Paulo —, permanece proibida de circular por decisão judicial desde 2019.
Filló, que também foi prefeito de Ferraz de Vasconcelos, foi preso em 2017 por fraudes e desvio de recursos públicos. Durante o período em que esteve detido, ele registrou experiências e conversas com presos conhecidos do país. Entre eles estão Alexandre Nardoni, Cristian Cravinhos, Gil Rugai, Lindenberg Alves, Mizael Bispo de Souza, Roger Abdelmassih, e por aí vai…
Histórias reveladas no livro que deu origem à série Tremembé
Em entrevista ao Metrópoles, Filló contou um episódio envolvendo Nardoni, condenado pela morte da filha, Isabela. “Ele me procurou, no pavilhão 1, de cabeça baixa, com a voz muito baixa, serena. Sempre conversava com todos sem olhar nos olhos, parecia carregar um peso enorme nos ombros”, relatou. O jornalista disse ainda que, ao receber revistas com a foto da menina, Nardoni chorou. “Foi a primeira vez na vida que eu vi o Nardoni chorar. Me deu um abraço frio, do jeito dele.”
Na contracapa do livro estão algumas das frases mais polêmicas atribuídas aos presos. Nardoni aparece dizendo: “Eu não matei minha filha Isabella”. Já o ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a mais de 100 anos por estuprar 37 pacientes, teria afirmado: “Só me relacionei com as que quiseram. Elas me assediavam”.
Tremembé: Compare a aparência dos atores da série com os detentos reais do “presídio dos famosos”
Entre as revelações mais comentadas está uma fala de Cristian Cravinhos, condenado pelo assassinato dos pais de Suzane von Richthofen. “Depois que o casal Richthofen foi atacado, a Suzane foi ao quarto deles e desferiu golpes”, teria declarado. Já Guilherme Longo, condenado pela morte do enteado Joaquim Pontes, é citado dizendo: “Fugi do Brasil por medo, desespero e insegurança. Não fugi por culpa.”
Diário do Tremembé foi proibido, mas segue despertando curiosidade
Essas declarações, apresentadas sem comprovação documental, foram usadas pela Justiça como justificativa para a proibição da obra. Na sentença de 2019, a juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani afirmou que o conteúdo “viola a privacidade dos detentos” e contém falas cuja veracidade não pôde ser confirmada.
O livro ganhou nova visibilidade após inspirar trechos da série Tremembé, que retrata o cotidiano da prisão paulista e reconstitui a trajetória de nomes conhecidos, como Suzane von Richthofen, Elize Matsunaga e Roger Abdelmassih. A produção é baseada em obras do jornalista e mistura fatos reais com ficção para mostrar como o presídio se tornou sinônimo de “celebridade do crime” no país.
Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, a proibição não configura censura, mas busca preservar a imagem de outros detentos citados, todos sob responsabilidade do Estado. Mesmo proibido, Diário do Tremembé – O Presídio dos Famosos segue despertando curiosidade pelo retrato que faz dos bastidores de uma das prisões mais midiáticas do Brasil.
Fonte: adorocinema






