A Nvídia se tornou, nesta quarta-feira, 9, a primeira empresa da história a ultrapassar o valor de mercado de US$ 4 trilhões, impulsionada pela crescente demanda por chips de (IA). As ações da companhia chegaram a US$ 163,93, mas logo recuaram. A cotação era de US$ 162,87 às 15h40.
A ascensão da empresa liderada por Jensen Huang foi acelerada pela explosão da IA generativa, sobretudo depois do lançamento do , da OpenAI, o que transformou a tecnologia em prioridade para as gigantes do setor.
No último trimestre, a Nvídia registrou um salto de 69% na receita em relação ao período anterior. Ao fim do ano fiscal de 2024, o crescimento foi de 112%.

Apesar do desempenho positivo, a empresa enfrentou incertezas em abril, quando o então presidente anunciou um pacote de tarifas sobre produtos importados. A medida causou preocupação entre investidores, uma vez que boa parte dos chips da Nvídia é produzida em Taiwan.
A pressão fez com que o governo norte-americano recuasse e isentasse itens como semicondutores, smartphones e computadores — o que aliviou o setor e impulsionou o valor da companhia.
“Há uma empresa no mundo que é a base da revolução da IA, que é a Nvídia, com o padrinho da IA, Jensen, tendo a melhor posição e perspectiva para discutir a demanda geral de IA das empresas e o apetite pelos chips de IA da Nvídia no futuro”, afirmou Dan Ives, analista da Wedbush Securities.
2025 valuations:
Nvidia: $4 trillion
Intel: $102 billion2009 valuations:
Intel: $90 billion
Nvidia: $5 billionpic.twitter.com/tyFSrgl8zU— Jon Erlichman (@JonErlichman) July 9, 2025
Nos últimos dois anos, a valorização da empresa foi meteórica. Avaliada em US$ 735 bilhões em 2021, saltou para US$ 3,4 trilhões no fim de 2024 e agora se aproxima de US$ 4 trilhões, à frente de rivais como Apple e Microsoft. Atualmente, a concorrente mais próxima é a própria Microsoft, avaliada em US$ 3,7 trilhões.
A Nvídia já lidera o grupo conhecido como “Magnificent Seven” — formado por Apple, Google, Amazon, Meta, Microsoft, Nvídia e Tesla — dentro do índice S&P 500, que reúne as 500 maiores companhias dos EUA.
Esse sucesso não viria sem uma base sólida de clientes. Em 2024, a Microsoft comprou cerca de 485 mil chips da Nvídia, segundo o jornal britânico Financial Times. A Meta, segunda maior cliente, adquiriu aproximadamente 224 mil unidades.

No Brasil, a Universidade Federal de Goiás recebeu 64 unidades das poderosas GPUs B200 por R$ 40 milhões, depois de meses de espera.
Para reduzir a dependência da Nvídia, algumas gigantes vêm desenvolvendo seus próprios chips de IA. O Google aposta na linha Tensor, a Amazon no Trainium e a Microsoft no chip Maia, voltado para rodar modelos de linguagem em sua nuvem Azure. Ainda assim, nenhuma delas conseguiu atender à crescente demanda de forma independente.
“Acreditamos que tanto a Nvídia quanto a Microsoft atingirão o clube das empresas com valor de mercado de US$ 4 trilhões até setembro e, nos próximos 18 meses, o foco será o clube das empresas com capitalização de mercado de US$ 5 trilhões… já que este mercado em alta de tecnologia ainda está em seus estágios iniciais, liderado pela revolução da IA”, disse Dan Ives.
NVIDIA currently worth 14% more than the entire UK economy.
Labour would have confiscated it when it was worth £100k: because that’s a lot of money to working family in Telford.
— Burnside (@BurnsideWasTosh) July 9, 2025
Em 2024, a Nvídia investiu US$ 1 bilhão em 50 rodadas de financiamento de startups e empresas do setor, valor superior ao de 2023, quando aplicou US$ 872 milhões em 39 operações, conforme dados da Dealroom.
Para Ives, a influência da empresa vai além da fabricação de chips: “Embora os primeiros passos nas implantações de IA estejam em torno dos chips da Nvídia e dos gigantes da nuvem, estimamos que, para cada US$ 1 gasto na Nvídia, há um multiplicador de US$ 8 a US$ 10 no restante do ecossistema tecnológico.”
Fundada em 1993, a Nvídia começou desenvolvendo GPUs para jogos. Em 1999, passou a fabricar chips voltados para processar gráficos pesados, que se tornaram fundamentais também em supercomputadores, mineração de criptomoedas e, agora, inteligência artificial.

As GPUs evoluíram para executar tarefas complexas de IA com muito mais eficiência energética que CPUs tradicionais. Estima-se que apenas duas GPUs possam realizar o mesmo trabalho que 10 mil CPUs em determinadas tarefas de IA.
Atualmente, a Nvídia domina cerca de 70% do mercado global de chips gráficos, à frente de concorrentes como AMD, Intel, Qualcomm, Amazon e Google, segundo dados da consultoria Omdia. A demanda é tão intensa que startups e empresas que desejam entrar na corrida da IA enfrentam filas de até 18 meses para receber os chips da empresa — um cenário inusitado em um setor onde a inovação não costuma esperar.
“Se fosse uma empresa de semicondutores comum, o valor das ações da Nvídia seria US$ 58 e não US$ 158”, afirmou o apresentador e analista Jim Cramer, nesta terça-feira, 8.
Fonte: revistaoeste