Após mais de duas décadas de obras, o Grande Museu Egípcio (GEM) finalmente abriu ao público no Egito — como o maior museu do mundo dedicado a uma única civilização. A cerimônia de inauguração ocorreu no sábado (1º), aos pés das pirâmides de Gizé, com um espetáculo de luzes e drones que projetaram no céu a máscara de Tutancâmon e figuras de deuses egípcios.
A abertura oficial ao público acontecerá nesta terça-feira (4), marcando um novo capítulo na forma como o país apresenta seu patrimônio faraônico ao mundo.
O início da construção
A ideia de construir o GEM surgiu ainda nos anos 1990, com o objetivo de criar um museu que abrigasse toda a narrativa da civilização egípcia – do período pré-dinástico à era romana – em um único espaço.
A construção começou em 2005, atravessando revoluções, crises econômicas, a Primavera Árabe e a pandemia até finalmente ser concluída. O orçamento da construção ultrapassou R$ 5 bilhões, e o governo chegou a decretar feriado para celebrar sua inauguração.
Mesmo com tantos obstáculos, o país manteve a ambição de criar um espaço que não fosse só um museu, mas um marco cultural, capaz de dialogar com a paisagem icônica das pirâmides sem competir com elas.
Arquitetura monumental
O projeto é assinado pelo escritório irlandês Heneghan Peng. A fachada, composta por triângulos translúcidos, reflete a luz do deserto e completa a paisagem ao redor. A entrada principal, em forma de pirâmide, reforça essa harmonia e o museu já vem sendo chamado, informalmente, de “a quarta pirâmide de Gizé”.
O GEM reúne mais de 100 mil artefatos. Da entrada piramidal, o visitante atravessa um átrio colossal e é recebido pela estátua de Ramsés II, um gigante de 11 metros e 83 toneladas, que durante meio século ficou exposto em uma rotatória no Cairo antes de ser transferido para o museu.
O interior do Grande Museu Egípcio combina luz natural, concreto e pedra, com uma escadaria monumental de seis andares que leva às galerias organizadas em ordem cronológica reversa. No topo, uma janela panorâmica emoldura as pirâmides de Gizé, a pouco mais de um quilômetro de distância, como se a história se materializasse diante do visitante.
A estrela do museu, sem dúvida, é Tutancâmon. Pela primeira vez, os mais de 5 mil objetos do faraó encontrados por Howard Carter em 1922 — entre eles o sarcófago dourado, a máscara funerária, o trono e as carruagens cerimoniais — estão reunidos em um mesmo espaço. A ideia é que o público experimente a mesma sensação de descoberta que o arqueólogo teve ao abrir a tumba do jovem imperador há mais de um século.
Além disso, o complexo abriga peças como esculturas, papiros, cerâmicas e restos humanos mumificados. Há ainda 17 laboratórios de conservação conectados ao prédio principal por um túnel, e áreas voltadas à pesquisa, restauro e realidade virtual.
Novo motor do turismo
O GEM deve receber até 5 milhões de visitantes por ano e é considerado como uma peça central na estratégia do governo para revitalizar a economia do país. O museu integra também um plano mais amplo para a região de Gizé, que inclui novas estradas, um aeroporto internacional e maior integração com o Cairo.
O Grande Museu Egípcio não está sozinho nesse movimento. Recentemente, o Egito também reabriu ao público a tumba de Amenhotep III, em Luxor, após longos processos de restauração.
Serviço
Onde? Cairo – Alexandria Desert Rd, Kafr Nassar, Al Haram, Giza Governorate 3513204.
Quando? Diariamente das 9h às 18h. Sábados e quartas-feiras, até 21h.
Quanto? Adultos R$ 193, estudantes e crianças R$ 96.
Fonte: viagemeturismo






