O inverno chinês tem sido marcado por infecções causadas por um vírus respiratório, já conhecido pela ciência, mas que voltou ao radar dos especialistas devido ao grande número de casos no país. É o metapneumovírus humano, o HMPV. O Primeira Página ouviu uma infectologista, que descartou a possibilidade de casos graves no Brasil durante o surto na China.
😷 O que é a doença? – A doença se transmite da mesma forma que os resfriados, a gripe e a covid-19, por exemplo. Entretanto, os especialistas tranquilizam: não há motivo para pânico.
📍Como fica o Brasil neste cenário? – O HMPV preocupa menos que o coronavírus e não há risco de uma nova pandemia, como explica a médica infectologista Mariana Croda, diretora de Atenção à Saúde de MS e membro da COE-MS (Centro de Operações de Emergência).
⚠️E em Mato Grosso do Sul? – A médica explicou que o metapneumovírus é monitorado, inclusive, no estado. A especialista comentou que alguns pacientes diagnosticados com SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) já foram submetidos a testes laboratoriais para HMPV.
Confira o que se sabe sobre o metapneumovírus humano. O Primeira Página responde as principais perguntas sobre a doença:
- O que é e quais os sintomas do HMPV?
- Há risco de pandemia?
- Como se transmite e previne o HMPV?
- Existe vacina ou tratamento?
- Quais medidas estão sendo adotadas?
O que é e quais os sintomas do HMPV?
O metapneumovírus humano (HMPV) é um vírus respiratório comum, que circula no mundo há mais de 60 anos, mas só foi identificado pelos cientistas no início dos anos 2000, conforme a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Desde a pandemia, contudo, a vigilância dos mais variados tipos de metapneumovírus se intensificou, inclusive em Mato Grosso do Sul, conforme explica a médica infectologista Mariana Croda.
Conforme Mariana, pacientes internados com Síndrome Respiratória Grave, eventualmente, são testados para o vírus no estado, justamente para aumentar o monitoramento sobre a doença. A infectologista explica que o vírus provoca, no geral, sintomas leves e não preocupa tanto quanto uma influenza grave, por exemplo.
Os sintomas da metapneumovírus são:
- 😖Tosse;
- 😓Febre;
- 😪Congestão nasal;
- 🥴Dificuldade para respirar;
- 🤧Outros sintomas típicos de resfriados, acometem quem tem a doença.
“Por conta da Covid-19, todos os olhos se voltaram para a doença com medo de uma nova pandemia. Então, você tem uma vigilância mais ativa. E aí, isolou-se muitos destes metapneumovírus, que não têm a mesma letalidade, não têm a mesma virulência que a Covid-19. É um vírus muito associado a infecções respiratórias, não tão graves em crianças. Não é um vírus que a gente, geralmente, se preocupa. A gente se preocupa muito mais com a influenza, com a família coronavírus, do que com um metapneumovírus”.
Mariana Croda, médica infectologista.
Há risco de pandemia?
Mariana ressalta a importância da vigilância sobre o metapneumovírus e tranquiliza:
“A chance de uma pandemia de metapneumovírus com alta letalidade, como a gente teve de Covid, é muito baixa, conhecendo o perfil desse vírus, como ele se comporta comumente, como ele tem se comportado também lá na China. O que precisamos ponderar é: será que a gente teve realmente um aumento tão expressivo ou será que a vigilância se tornou mais efetiva e agora temos uma detecção muito mais precoce? Então, é esse questionamento que a ciência se faz. Esse vírus não é um vírus mutante, não é um vírus metapneumovírus que sofreu uma mutação e que tem um perfil diferente dos demais. Ele é o mesmo metapneumovírus que a gente já conhece comumente. Então, é por isso que, apesar do monitoramento, não se vê com tamanha preocupação, nem se consegue comparar com algo como foi a covid-19”.
Mariana Croda, médica infectologista.
Como se transmite e previne o HMPV?
A transmissão ocorre por meio de gotículas, contato próximo ou superfícies contaminadas. Da mesma forma que os sintomas são os mesmos da gripe, a prevenção também se dá da mesma forma que a gripe até a Covid-19.
É recomendado o uso de máscaras, álcool em gel, cobrir a boca ao tossir ou espirrar com lenço de papel ou cotovelo dobrado, etc. Outra medida crucial para impedir a propagação do vírus é lavar as mãos e limpar as superfícies regularmente.
Existe vacina ou tratamento?
Atualmente, não há tratamento antiviral específico para o HMPV, nem vacina disponível para prevenir a infecção. O tratamento se dá através do controle dos sintomas.
Quais medidas estão sendo adotadas?
Até o momento, não há alerta internacional emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A vigilância epidemiológica brasileira está em contato com autoridades sanitárias da OMS e de vários países, incluindo a China, para monitorar a situação e trocar informações.
O Ministério da Saúde já informou que acompanha atentamente o surto de metapneumovírus humano (HMPV) na China.
As últimas atualizações de vigilância do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China (China CDC) apontam que a magnitude e intensidade das infecções respiratórias foram menores do que as registradas no mesmo período do ano anterior.
No entanto, foi observado um aumento nas infecções respiratórias agudas, incluindo gripe sazonal, metapneumovírus humano (HMPV), infecção por rinovírus, vírus sincicial respiratório (VSR) e outros, particularmente nas províncias do norte chinês.
Fonte: primeirapagina