Vamos primeiro tecer algumas considerações para entender melhor ao que estamos nos referindo. Para isso devemos compreender as diferenças e semelhanças entre os termos Congênito, Genético e Hereditário.
O primeiro deles, o Congênito, diz respeito a algo que ocorre durante o processo gestacional, identificado ainda no período intrauterino ou logo depois do nascimento, já com consequências à saúde desde então. Deve-se a algum fator que traga alterações ao desenvolvimento embrionário, com malformações durante a gravidez, causadas por infecções, drogas, etc.
Quando se fala em doença genética, significa dizer que se trata de uma enfermidade causada por uma alteração permanente no DNA, mais precisamente em suas estruturas — genes e cromossomos. Quando a doença genética tem a particularidade de ser transmitida de geração à geração, passa a chamar-se doença hereditária.
Não há testes genéticos que afastem ou confirmem um transtorno mental, uma vez que esses transtornos têm influência direta do ambiente. Em outras palavras, hoje sabe-se bem que a doença mental está diretamente ligada a condições genéticas, influenciadas por ações do meio ambiente, o que se conhece como herança multifatorial. Eventos, como traumas psíquicos, contribuem muito para o surgimento das enfermidades mentais.
Julga-se que quanto mais forte for a carga genética, menor é a necessidade da contribuição do ambiente. Por outro lado, talvez um grande trauma ambiente, por si só, possa ser responsável pelo surgimento de um transtorno mental. Sabe-se, ainda, que drogas lícitas, como o álcool e algumas substâncias utilizadas para perda de peso podem provocar o surgimento de patologias mentais. É quase dispensável falar, até mesmo por ser óbvio, que drogas ilícitas, como a maconha, o crack e as metanfetaminas também causam o mesmo mal.
Isso tudo nos permite afirmar que há maior chance de determinada pessoa desenvolver um transtorno mental, quando existem outros casos na família, principalmente nas gerações mais próximas. A gravidade da doença, porém, depende de múltiplos fatores e, quando ocorre, pode ser muito diferente entre os diversos membros da família acometidos, sendo mais leve em alguns deles e mais grave em outros.
Quando se fala em fatores ambientais, estamos nos referindo a traumas físicos e psicológicos, sendo o abuso sexual na infância um dos fatores de maior gravidade. Outros, também, têm sua importância, como a negligência e o abandono dos pais, perdas precoces de entes queridos, assédio moral, bullying nas escolas e outros traumas. O uso de álcool e outras drogas durante a gestação também tem sido associado ao aumento do número de transtornos mentais desenvolvido pelos filhos na infância, adolescência ou início da idade adulta.
Apesar de tudo isso aumentar a probabilidade de determinada pessoa vir a apresentar um transtorno mental, não é uma razão impeditiva de optar pela procriação, até porque o surgimento das doenças mentais segue um caminho complexo, multifatorial, que depende da predisposição genética, associada a fatores ambientais e à maneira de conduzir esses fatores.
Em caso de dificuldade, é aconselhável que a ajuda profissional seja buscada o mais precocemente possível, para evitar o surgimento posterior de casos graves de uma determinada doença mental.
Fonte: primeirapagina