Para fechar o ano, o mês de dezembro tem mais uma onda de calor que atinge o Brasil, incluindo os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O calor intenso traz consequências para a saúde e influencia também na economia.
A nova onda de calor que atinge o país começou nessa quinta-feira (14) e deve seguir até sábado (16), potencializadas pelo fenômeno El Niño.
O calor tem sido tanto, que segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Cuiabá bateu recorde nas altas temperaturas, com 43,2°C no dia 19 de outubro.
Impactos econômicos
O calor aumenta o consumo de energia, seja para o uso de ventiladores e de aparelhos de ar-condicionado. Com um maior consumo de energia nas cidades, os centros de produção energéticas, as hidrelétricas, têm cada vez mais a necessidade de aumentar a produção para atender a demanda.
Como consequência, o preço sobe, principalmente, em casos em que os reservatórios estão com baixo nível de água, porque se têm que usar termelétricas, ou seja, energia obtida a partir de combustíveis fósseis. Esse recurso tem um custo mais elevado. Por isso, os consumidores pagam mais caro pela eletricidade.
O calor extremo também pode prejudicar a produção agrícola. Especialmente para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que são estados referências nas produções de grãos. Quando há estiagem por muito tempo, muitos produtores precisam fazer uma nova semeadura.
O calor intenso pode levar à perda de produção, ao aumento de custos, e pode gerar até mesmo de escassez no mercado. Como resultado, os preços dos alimentos que podem subir.
Somado ao calor, os incêndios florestais tomaram grandes proporções, principalmente no Pantanal, área considerada de maior planície alagada do mundo. Só nesse bioma, foram mais de 1,2 milhão de hectares consumidos pelo fogo neste ano. Área que equivale a quase 7 cidades de São Paulo.
Se a situação já estava ruim, ainda pode piorar segundo estimativa do professor de física ambiental da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), Sérgio Roberto de Paulo. Para ele, a capital mato-grossense pode atingir a 50ºC em até 20 anos.
Ele aponta que a temperatura já subiu cerca de 4°C nas últimas duas décadas. O principal fator relacionado a isso é o desmatamento da Amazônia e o quadro de aumento das temperaturas globais.
Impactos na saúde
A OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta que o calor impacta principalmente as pessoas que estão em grupos de vulnerabilidade, como idosos, crianças e pessoas em situação de rua.
Os profissionais que trabalham expostos na agricultura, construção civil e trabalhadores manuais, além de pessoas com doenças neurológicas, cardiovasculares, pulmonares renais e diabetes, apresentam maior vulnerabilidade às variações climáticas.
A temperatura média do corpo humano costuma variar entre 36º e 37º C. Quando estamos sob altas temperaturas, o corpo sofre estresse térmico e perde a capacidade de regular e manter a temperatura corporal normal.
Ao chegar aos 40ºC, o corpo passa por um processo chamado de “insolação”, fazendo com que o mecanismo de transpiração falhe e o corpo não consiga se resfriar. Nesse processo, a pessoa acaba perdendo muita água, sais e nutrientes importantes para manutenção do equilíbrio do organismo.
Com isso, uma pessoa pode ter sintomas como tontura, dor de cabeça, náusea, pele quente e seca, e ter dificuldades na respiração. O calor intenso no corpo pode agravar doenças cardiovasculares e respiratórias, levando a quadro mais graves e até a morte.
Fonte: primeirapagina