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Peru declara estado de emergência devido à síndrome neurológica misteriosa: conheça os detalhes

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Depois de registrar 182 casos da síndrome neurológica de Guillain-Barré, o governo do Peru decretou estado de emergência sanitária nacional.

Com a morte de quatro pessoas afetadas pela doença, o decreto de sábado 8 aciona o sinal vermelho por 90 dias e atinge as 25 regiões do país.

De acordo com o Ministério da Saúde do Peru, 182 pacientes tiveram a doença entre janeiro e julho deste ano. Desses, quatro morreram. Outros 31 seguem internados e 147 receberam alta.

O governo peruano afirma que o decreto de emergência sanitária vale por 90 dias e permitirá que as autoridades acelerem a compra de insumos e medicamentos (imunoglobulina) para lidar com a alta repentina de casos.

Leia mais: “Casos de síndrome neurológica disparam no Peru, e governo declara emergência”

O ministro da Saúde do Peru, César Vásquez, declarou que a decisão ocorreu depois de “um incremento importante de casos durante as últimas semanas”. Isso exigiria “ações do Estado para proteger a saúde e a vida da população”.

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O Ministro Da Saúde Do Peru, César Vásquez. Foto: Reprodução/Ministério Da Saúde Do Peru

A nota do Ministério da Saúde sobre o aumento repentino de casos não menciona eventuais explicações para a alta identificada.

O que é a síndrome neurológica?

A síndrome de Guillain-Barré é uma condição neurológica rara e grave. Ela é classificada como uma doença autoimune, em que o próprio sistema imunológico passa a atacar certas partes do corpo de um indivíduo.

Nesse caso específico, a região atacada é o sistema nervoso periférico, responsável por fazer a comunicação entre o cérebro e as diferentes regiões e estruturas do organismo.

Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, a síndrome é geralmente provocada por um processo infeccioso prévio. Não há uma relação entre a gravidade da infecção e o aparecimento da doença.

Mesmo quadros leves e com poucos sintomas podem engatilhar o ataque ao sistema nervoso periférico.

Até o momento, os agentes identificados como possíveis gatilhos para a síndrome de Guillain-Barré são: campylobacter, uma das bactérias por trás da diarreia; zika; dengue; chikungunya; citomegalovírus; vírus Epstein-Barr; influenza A (um dos causadores da gripe); mycoplasma pneumoniae; enterovírus D68; hepatites A, B e C; HIV; e Sars-CoV-2 (causador da covid-19).

Em entrevista ao site BBC Brasil, a infectologista Raquel Stucchi, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que, atualmente, o Peru vive a sua pior epidemia de dengue.

Segundo os registros oficiais do governo local, já são mais de 146 mil casos e 248 mortes por dengue apenas no primeiro semestre de 2023.

“A dengue talvez seja uma explicação, mas é necessário que se faça uma análise mais ampla, para se certificar que outros agentes não podem estar por trás desse cenário”, explicou Stucchi. “Uma investigação é necessária e fundamental.”

A infectologista acrescenta que a Guillain-Barré também está eventualmente associada a uma reação vacinal, embora esse efeito colateral seja considerado raro.

No caso específico dos imunizantes contra a covid-19, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos mostram que esse evento adverso em quem tomou as doses de Janssen ou AstraZeneca também é classificado como algo raro, embora seja mais frequente do que o observado na média da população.

Leia também: “Anvisa registra casos suspeitos de doença autoimune pós-vacinação”

Fonte: revistaoeste

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