Nasi comentou a polêmica envolvendo o vídeo que viralizou nas redes sociais e os cancelamentos de quatro shows do Ira! em cidades do Sul do país. O vocalista explicou o motivo de as apresentações não acontecerem mais e reforçou seu posicionamento político. “Eu e o Ira! saímos maior do que entramos”, declarou ao jornalista Yuri da BS da Billboard Brasil. Confira alguns tópicos da entrevista abaixo:
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“Esses shows foram cancelados em comum acordo com o contratante. Fizemos com muita tranquilidade. A gente achou, por ora, transferir para o futuro. Porque houve um bombardeiro desses fascistas. Porque eles agem de maneira fascista. É engraçado porque até o contratante falou que recebeu mensagens de pessoas de Manaus, algo como “ah, eu não vou no show.” (risos)
O cara nem ia no show! Esses caras que estão enchendo o saco aí, robozinho… Todo mundo sabe como o gabinete do ódio age, né? Daqui a pouco eles eles pegam outro para Cristo.
Numa boa, o Ira! saiu maior do que entrou nessa história.”
O início da polêmica foi em um show do Ira! em Contagem (MG), após Nasi ter sido vaiado por declarar “sem anistia”. O vocalista da banda explicou a visão dele à publicação.
“Eu vou te dizer o que aconteceu, claro, segundo a minha versão. Eu estava no show, tranquilo. Em um determinado momento do show, o público, a maioria, começou a entoar “Sem anistia!” [em referência ao pedido de perdão para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023].
Inclusive, foi engraçado porque foi no meio de ‘Rubro Zorro’. E era eu cantando ‘O caminho do crime o atrai’ e o público gritando ‘sem anistia!’. Ficou perfeito, né? Acabou a música, eu realmente dei apoio. Falei: ‘É isso aí! Sem anistia!’. Aí, eu comecei a ser hostilizado por um grupinho —que teve o seu direito de dar opinião, que é a favor da anistia, e eu também tive o meu direito de comentar a vaia deles.”
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Com o vídeo viralizado por várias redes sociais e sites, Nasi viu seu nome – e do Ira! – virar assunto no mundo digital. Apesar de se explicar em relação a “expulsar” pessoas da plateia, ele mantém firme sua posição.
“Eu, talvez, tenha exagerado, e não tenha sido claro quando eu falei. Eu não expulsei ninguém. Primeira coisa, eu não falei: “Saiam daqui agora”. Eu não mandei nada. Eu falei assim: “Olha, vocês não conhecem a história do Ira, não conhecem as letras do Ira!”.
O Ira! é uma banda progressista. Nós somos democráticos. Nós passamos pela ditadura. O que eu quis dizer é o seguinte: eu não quero ter público fascista. Agora, se o público fascista, de extrema-direita, quer consumir minha música, o que eu posso fazer? Posso fazer nada. Não é do meu agrado, sabe? Eu não quero. Tem outras bandas. Vão curtir Ultraje a Rigor. Eu tenho 50 shows até o final do ano. O Ultraje tem seis. Por que eles não vão encher o saco dos contratantes para contratar esses porras?
Lamento. Mas, repito para você, eu e o Ira! saimos maior do que entramos. Eu tive o trabalho de mensurar todas as mensagens que recebi e 80% me apoiavam. Os outros eram emoji de coco, “comunista lixo”… Eles pensam que me afetam. Você conhece uma pessoa não pelos amigos que ela tem, mas pelos inimigos. Então, se essa gente é minha inimiga, do Ira!, eu me sinto satisfeito.
Meu Instagram cresceu 10% —e bloqueamos muita gente.”
“Eu sinceramente não tive essa intenção. Não foi programado. O Edgard [Scandurra] chegou para mim e disse ‘Pô, você devia ter me avisado’. E eu falei: ‘Não tinha como! Foi mais forte do que eu!’. Ele deu risada. Não foi jogada de marketing. Aconteceu.
Agora, se o destino colocou esse fato no meu caminho para trazer isso que você está falando, então, eu repito: saímos maior. Eles acham que me insultam falando que sou ‘decadente’, ‘vai tocar na Venezuela’. Eu dou risada. É gente que nem nos ouve.
Teve três pessoas no Instagram que eu tive o trabalho de responder, em áudio. Pessoas que chegaram, educadas, e disseram “eu comprei ingresso pro seu show, sou de direita, acho que não vou no show”. Eu respondi com ‘cara, não faço seleção de público. Respeito quem é conservador’ Mas eu não aceito extrema-direita. Tem outras bandas para curtir.
Eu estou cansado de responder a pergunta ‘por que o rock ficou de direita?’. Ficou de direita nada! Por causa de dois, três idiotas? Depois disso, a pessoa até respondeu ‘Obrigado, Nasi, agora eu fico tranquilo’. Esse tipo de pessoa vai ter diálogo comigo.
“Não. Sinceramente, eu não sabia que ia tomar essa proporção toda. Primeiro: eu não cometi nenhum crime, correto? Eu não sou cantor que está respondendo por lavagem de dinheiro com o PCC. Não é? Você sabe de quem eu estou falando… Do Gusttavo Lima. O ídolo deles. Eu tenho que ter vergonha? Ou ele? Não tô falando que ele é culpado… Mas só de responder um processo desse, já é uma coisa muito ruim.
Cara, isso é tão fugaz. Eu vou te dizer: no sábado seguinte, nós fomos fazer show em Boa Vista, Roraima. E fomos avisados: “olha, pessoal, 80% daqui votou no ‘coiso’”. Inclusive, encontro de motociclista, sabe? Cara, os motoqueiros foram me receber na pista, falaram do show… Eu ainda brinquei com eles que ia ser tranquilo e sem polêmica. O show foi totalmente normal. Eu até me decepcionei porque não vi um desgraçado me dar o dedo do meio. Sabe? Eu já tava preparado. Show foi maravilhoso.”
Nasi concluiu:
“Eu não sou palestrinha. Quem acompanha a banda, sabe. Mas eu não tenho o direito de me manifestar? Eu tenho o dever! Não é defender político. Ano passado, quando teve a questão do “criança não é mãe” eu também estava lá, me manifestando. Sempre que tiver algo absurdo, assim, no Brasil, algo que ponha em risco nossa democracia, eu vou dar meu testemunho.”
Por Yuri da BS para a Billboard Brasil
Fonte: portalpopline