Quem vai ou quer ir ao Rock in Rio sabe que os ingressos de acesso ao festival não são nada baratos e, portanto, espera que a qualidade tanto da música quanto do local em si esteja a altura. Infelizmente, não foi isso que parte das pessoas presenciou. Os preços de alimentação, que sempre foram caros, ficaram ainda piores, com pessoas chegando a pagar quase R$ 200 por três mínimas refeições (ou lanches), durante o dia. Isso, é claro, se você não contar com qualquer bebida que não seja água.
Talvez em outros Rock in Rio’s passados você tenha visto nas redes sociais a febre de copos colecionáveis, brindes tão requeridos pelo público que acabavam em questão de minutos. Pois bem, até essa graça o festival deste ano fez questão de tirar. Cada tipo de bebida obrigava o público a comprar um copo diferente, sendo proibido usar, por exemplo, um copo de refrigerante para beber cerveja. Ah, e não se esqueça do copo colecionável do próprio Rock in Rio, que não podia ser utilizado com nenhuma bebida fora a água. Um acúmulo que vai inclusive contra a sustentabilidade que o festival tanto presa.
Neste ano o Rio teve um de seus invernos mais quentes, mas parece que a produção não aprendeu com os erros de outras pessoas, como os show de Taylor Swift de 2023, quando Ana Benevides faleceu devido ao excesso de calor. Devemos pontuar que a iniciativa de ter vários pontos de abastecimento de água de graça, assim como jogar spray de água no público, foi ótimo plano, mas, na prática, a realidade era outra.
Nas filas da entrada, antes mesmo da revista, já haviam pessoas passando mal de calor, sem nenhum ventilador ou o spray de água à vista. No gramado, também eram poucas as pessoas designadas para a tarefa – que quem aproveitou, agradeceu e muito pelo mínimo refresco -.
Vale lembrar que quem é fã de festival sabe bem da possibilidade de ficar embaixo de sol ou chuva, mas isso não significa que a produção deva deixar rolar e fazer pouco para auxiliar o público.
Agora vamos falar de diversão? A cada ano mais patrocinadores levam novas experiências para dentro da cidade do Rock, aumentando a quantidade de brindes e de atendimentos, o que tecnicamente funcionaria. No entanto, ainda existe grande parte dessas áreas que enche antes mesmo da abertura dos portões oficial, para quem – adivinhe só – paga a mais.
Cabe ressaltar aqui que o problema não é disponibilizar esses horários para quem quer garantir sua entrada mais cedo – a decepção é de quem chega cedo, entra assim que o portão abre oficialmente (14h) e às 14h05 da tarde já não consegue um brinde ou agendamento de brinquedo porque só tinham vagas suficientes para (todas) as pessoas que pagaram o ingresso “premium” -.
Aos poucos, o Rock in Rio, com suas dificuldades, tem se tornado menos um festival onde as pessoas vão para passar o dia e aproveitar e mais um lugar para sentar e esperar a hora do show escolhido, já que as experiências são sempre tão cheias ou caras.
Atrasos, cancelamentos e caos
Em meio a isso, ainda existe a preocupação de não ver o show que você esperava por muitos motivos: atrasos; o caso de Luan Santana, que teve que cancelar por este motivo; tentativa de invasão; boataria vinda dos próprios seguranças que estão ocorrendo arrastões dentro da Cidade do Rock; a ruim e velha pancadaria; e dessa vez um fator impressionante e lastimável, o uso de spray de pimenta, que ou não foi identificado na revista ou foi usado por seguranças do festival, que negaram o fato.
E se até agora não falamos dos shows desta edição (e de todas as outras) existe um motivo: precisamos mesmo falar tanto assim? As escolhas deste ano foram sim importantes, mas em maioria para a cultura pop. O Rock in Rio tem se tornado Pop em Rio, com artistas que mesmo atraindo o grande público, não representam grande parcela do Brasil e, honestamente, nem do Rio.
As recentes adições do Espaço Favela e aumento do Palco Sunset felizmente deram mais holofotes a outros gêneros, mas o que poderia ser uma grande celebração da diversidade cultural e musical brasileira, como o próprio Dia Brasil, acabou sendo um fiasco.
Com cada vez menos variedade e acesso a quem não é da elite, preços exorbitantes e falta de um escala mais plural de artistas, o Rock in Rio, tão admirado, vem perdendo sua graça e, infelizmente, sua essência, que não necessariamente está atrelada ao Rock, mas ao sentimento mais livre de aproveitar o dia sem tantas barreiras, perrengues que poderiam ser evitados e insegurança.
Fonte: leiagora