O todo-poderoso Xi Jinping aproveitou os holofotes do Congresso Nacional do Povo, evento em que o governo chinês estabelece metas anuais, para dar mostras do poder que já havia acumulado ao conquistar o terceiro mandato consecutivo em outubro, um feito inédito. Depois de um ano cheio de declives, consequência da rígida política de Covid Zero que freou as engrenagens da economia, foi anunciado, no Grande Salão do Povo, um crescimento de 5% para 2024, considerado modesto diante dos normalmente superlativos resultados do país que digladia com os Estados Unidos para ocupar o posto de potência número 1, mas um sinal inequívoco de que a China está de volta ao jogo. Além de uma dose de conservadorismo — no ano passado o chute foi mais alto do que o que viria a ser alcançado —, o número posto à mesa pelo presidente tem também a ver com um dispendioso plano de investimentos, da tecnologia à área militar, cujo orçamento vai subir pelo menos 7%. O modelo para chegar lá, segundo confirmado no Congresso, que vai até terça-feira 14, será regido com as mãos cada vez mais pesadas do político que já escolheu a dedo os 3 000 delegados do Partido Comunista e, agora, plantará aliados em cargos-chave, como o comando da Suprema Corte e chefias de empresas estatais, sobretudo nas vitais áreas de tecnologia e finanças. Está aí a tão propalada “modernização ao modo chinês”. Ou, de modo mais claro e direto, ao estilo Xi.
Publicado em veja de 15 de março de 2023,
Fonte: Veja