Um júri de Nova York votou, nesta quinta-feira, 30, para denunciar Donald Trump em um caso de pagamento pelo silêncio de uma atriz pornô, uma decisão que faz dele o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar acusações criminais.
O promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, apresentou recentemente provas sobre um pagamento de 130 mil dólares (cerca de 682 mil reais na cotação atual) à então atriz Stormy Daniels, feito nos últimos dias da campanha presidencial de 2016, em troca de seu silêncio sobre um suposto caso.
O pagamento em si não seria ilegal, mas, na prática, o dinheiro foi justificado como honorário advocatício para um dos advogados de Trump, Michael Cohen – é essa tentativa de esconder a natureza do pagamento que pode ser considerada criminosa.
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Segundo Daniels, ela e Trump tiveram um encontro sexual em 2006, um ano depois dele se casar com a sua terceira esposa, Melanie Trump, e quase uma década antes do empresário se tornar político e virar presidente.
A atriz de 44 anos, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, nasceu em Baton Rouge em Louisiana e é uma personalidade conhecida há mais de duas décadas por dirigir e aparecer em filmes adultos. Na época em que ambos se encontraram, o republicano era conhecido por seu reality show “Celebrity Apprentice”. De acordo com ela, os dois foram apresentados um ao outro em julho de 2006 em um torneio de golfe de celebridades em Lake Tahoe.
Logo que se conheceram, o empresário a convidou para um jantar em sua suíte de hotel, onde ele mostrou a ela uma cópia de uma revista de golfe com sua foto na capa. No encontro, Daniels disse a Trump que “alguém” deveria bater nele com essa revista.
“Então ele se virou e abaixou um pouco as calças – você sabe, estava de cueca e outras coisas – e eu apenas dei algumas palmadas nele”, contou a atriz ao programa “60 minutes”, da CBS, em 2018.
Em seguida, ela afirmou que Trump a convidou para aparecer em seu programa de TV. Segundo Daniels, o ex-presidente afirmou que ela era “especial” e que o lembrava de sua filha. Trump em seguida a encheu de elogios, reiterando que ela era “inteligente e bonita, e uma mulher a ser reconhecida” No entanto, após a conversa, a atriz se retirou para ir ao banheiro e ao voltar para o quarto, Trump estava sentado na beira da cama.
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“Percebi exatamente no que havia me metido. E pensei, ‘lá vamos nós’”, disse. “E eu apenas senti que talvez eu merecesse tomar uma decisão ruim por ir para o quarto de alguém sozinha”, acrescentou, contando posteriormente que ambos fizeram sexo consesual.
No ano seguinte, a atriz revelou que Trump ligou para ela marcando um encontro no Beverly Hills Hotel, em Los Angeles, para discutir sua possível aparição em “Celebrity Apprentice”. Entretanto, o ex-presidente a chamou para fazer sexo novamente, mas Daniels recusou. Um mês depois, o empresário ligou para dizer que não tinha conseguido contratá-la para seu programa.
Em 28 de outubro de 2016, quase 10 anos após o encontro sexual e dias antes da vitória de Trump nas eleições presidenciais, Daniels assinou um acordo de sigilo no qual se comprometeu a não falar publicamente sobre seu relacionamento com o republicano. De acordo com os documentos arquivados na Corte Federal de Los Angeles, a atriz recebeu US$ 130 mil pelo seu silêncio.
O pacto, no entanto, foi assinado pelo seu advogado, Keith Davidson, e pelo advogado pessoal de Trump, Michael Cohen. Apesar do documento ter espaço para a assinatura do ex-mandatário, ele nunca chegou a assinar o acordo.
Apesar do pagamento em si não ser ilegal, o dinheiro foi justificado como honorário advocatício para um dos advogados de Trump, Michael Cohen. Ao tentar esconder a natureza do pagamento, a prática pode ser considerada criminosa.
Dois anos depois, em 2018, quando o Wall Street Journal noticiou o pagamento a Daniels, Cohen declarou publicamente que pagou à atriz com o seu próprio dinheiro reiterando que Trump nunca o instruiu para assinar o pacto. Assim, Daniels processou Trump e Cohen e buscou a invalidação do acordo.
Posteriormente, os advogados de Trump reconheceram que ele não assinou o acordo de confidencialidade e não tentaria aplicá-lo. Porém, o processo foi indeferido por um juiz porque, segundo ele, o assunto tinha sido resolvido.
No mesmo ano, a atriz de filmes adultos entrou com um processo de difamação contra Trump em um tribunal federal devido a uma postagem no Twitter na qual ele a acusou de um “fraude” por ela ter afirmado que foi ameaçada por divulgar seu relato de um suposto relacionamento sexual com ele.
Fonte: Veja