O governo da Rússia anunciou nesta sexta-feira, 28, que terminou de convocar os reservistas para lutar na guerra da Ucrânia, após alistar mais de 220 mil pessoas em pouco mais de um mês. A convocação fez parte da mobilização parcial anunciada pelo presidente Vladimir Putin no final de setembro, em uma tentativa de mudar o curso do confronto.
O líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, expressou dúvida sobre a declaração do Kremlin, dizendo que o fraco desempenho do Exército russo significa que mais homens podem ser necessários.
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“Temos relatos de que o inimigo completou sua mobilização, como se não houvesse mais necessidade de enviar novas ondas de cidadãos russos para o front. Nos sentimos muito diferentes nas linhas de frente”, disse ele em um discurso em vídeo.
No entanto, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse em discurso, ao lado de Putin, que a tarefa foi cumprida e que nenhuma outra medida está planejada. Segundo ele, 82 mil reservistas já receberam o treinamento necessário e, por isso, foram enviados à Ucrânia, enquanto o restante segue em preparação.
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Durante o encontro, ambos reconheceram que a mobilização enfrentou problemas nos primeiros dias, mas que foram reparados o mais rápido possível e que tudo já está em ordem. Além disso, Putin disse que os erros iniciais eram inevitáveis, uma vez que a Rússia não realiza uma mobilização deste tamanho há muitos anos.
Em uma tentativa de reverter uma série de derrotas humilhantes, o presidente russo anunciou a mobilização de 300 mil reservistas para lutar na Ucrânia durante discurso à nação, no final de setembro – o mesmo em que ele fez ameaças veladas sobre uso de armas nucleares.
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Na época, o anúncio causou uma série de manifestações no país e fez com que milhares de homens deixassem o país para fugir de uma eventual convocação. Além disso, foram relatados casos de alistamento compulsório de pessoas sem experiência militar, maiores de 60 anos e deficientes físicos.
Analistas ocidentais apontam que a mobilização pode ajudar a aliviar a escassez de soldados na linha de frente de mais de mil quilômetros, mas o sucesso militar é uma incógnita e depende de como os novos militares serão treinados.
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Enquanto isso, a Ucrânia continua a anunciar ganhos territoriais. Nesta sexta, o governador ucraniano da província de Luhansk, Serhiy Gaidai, disse que soldados ucranianos praticamente ganharam controle total de uma importante estrada que liga grandes cidades da região. A rodovia pode ser a próxima grande frente de batalha no leste.
Nos últimos dias, o avanço ucraniano parece ter perdido um pouco de intensidade. De acordo com Kiev, isso se deve ao mau tempo e ao terreno irregular.
Fonte: Veja