Após uma visita à Ucrânia nesta semana, o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, reconheceu nesta sexta-feira, 28, que a invasão da Rússia provocou uma “ruptura histórica” entre Berlim e Moscou. Com isso, segundo o político, o líder russo Vladimir Putin destruiu os antigos sonhos de um “lar europeu comum”, promovidos pelo soviético Mikhail Gorbachev.
Steinmeier, que é parte de uma ala do Partido Social-Democrata da Alemanha que por muito tempo defendeu uma aproximação econômica com Moscou, argumentou que a guerra trouxe uma nova era para relações entre os países.
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“Quando olhamos para a Rússia hoje, não há espaço para sonhos antigos”, disse em texto preparado para o discurso à nação. “Isso também mergulhou nós, na Alemanha, para outro tempo, em uma insegurança que pensávamos ter superado: um tempo marcado pela guerra, violência e fuga, por preocupações sobre a expansão da guerra em um incêndio na Europa”, disse ele.
A insegurança citada pelo presidente alemão, cujo cargo é em grande parte cerimonial, diz respeito em boa parte às questões energéticas enfrentadas pelo país.
Mais cedo neste mês, em meio às crescentes pressões energéticas, a França chegou a enviar gás para a Alemanha pela primeira vez, em um acordo veio para aliviar os déficits provocados pelo fechamento dos gasodutos da Rússia para toda Europa, especialmente para os alemães, que dependem fortemente do Nordstream 1.
Embora o novo fluxo seja inferior a 2% das necessidades diárias da Alemanha, toda ajuda é bem-vinda, pois Berlim luta para diversificar suas fontes energia. Antes do fechamento dos dutos, o país dependia da Rússia para 55% de seu gás – parcela que já caiu para 35% – e quer, eventualmente, reduzir as importações a zero.
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A Rússia tem sido acusada de usar o fornecimento de gás como arma contra o Ocidente desde a invasão da Ucrânia, mas nega as denúncias. Em discurso neste mês, Putin afirmou que as torneiras de gás ainda podem ser abertas para a Europa e que “a bola, como dizem, está agora na quadra da União Europeia”. Além disso, afirmou que o país está pronto para fornecer volumes adicionais de gás no período outono-inverno.
Apesar das palavras, a retomada do fornecimento de gás para a Europa é incerta. O Nord Stream 1, o maior gasoduto da Rússia para a Europa, foi fechado indefinidamente em agosto depois que, segundo estatal russa Gazprom, vários vazamentos foram encontrados.
O projeto Nord Stream 2, que deveria entrar em operação este ano, teve uma licença de operação negada pela Alemanha devido à invasão da Rússia na Ucrânia, e vazamentos foram encontrados no duto também.
Fonte: Veja