A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, criticou, nesta segunda-feira, 10, a decisão do presidente de antes das Olimpíadas. Os Jogos ocorrem na capital francesa de 26 de julho a 11 de agosto, enquanto o pleito à Assembleia francesa, em dois turnos, será em 30 de junho e 7 de julho.
“Como muitas pessoas, fiquei chocada ao ouvir o presidente decidir pela dissolução da Assembleia pouco antes dos Jogos”, disse a prefeita, em evento com o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach. “É algo extremamente perturbador, uma medida que tenho dificuldade em compreender.”
Neste domingo, 9, Macron dissolveu o Parlamento francês, depois de a direita sobressair nas eleições para o Parlamento Europeu, e convocou novo pleito nacional.
Resultado das eleições europeias
O partido do presidente, Renascimento (REM), obteve entre 14,8% e 15,2% dos votos. Já o de sua principal opositora, Marine Le Pen, Reunião Nacional (RN), registrou entre 32% e 33%.
Anne Hidalgo é do Partido Socialista (PS) e compartilha das ideias do presidente Macron. Ele, inclusive, foi filiado ao PS entre 2006 e 2009. Apesar disso, Anne não aprovou a medida tomada pelo líder francês.
Interpelada sobre a possibilidade de realizar a abertura dos Jogos ao lado de um primeiro-ministro de direita, já que o resultado das eleições será conhecido antes do início da competição, Hidalgo se esquivou da resposta. “Receberei o mundo como prefeita de Paris”, disse.
Em pronunciamento nacional, Macron afirmou que a decisão é um “ato de confiança” no povo francês. “Esta decisão é séria, pesada”, disse. “Mas é, acima de tudo, um ato de confiança. Confiança em vocês, meus caros compatriotas. Na capacidade do povo francês de tomar a decisão mais justa.”
A pesquisa de boca de urna revelou que o REM, de Macron, deve ficar em segundo lugar, com 15,2% dos votos, seguido pelos socialistas, com 14,3%. A eleição antecipada foi convocada depois da divulgação dessas projeções. Já o RN ficou com 31,5% das intenções de voto.
Berdella comemorou o resultado das pesquisas de boca de urna. Ele, que havia solicitado a Macron a dissolução do Parlamento, chamou a diferença das intenções de voto de “desaprovação contundente” ao presidente.
O sistema eleitoral francês prevê a escolha de 577 membros da Assembleia Nacional em eleições parlamentares. Já a eleição presidencial ocorre separadamente e só deve acontecer em 2027. Nas eleições parlamentares de 2022, a coalizão Ensemble, que inclui o partido de Macron, não obteve maioria e precisou de alianças.
Tanto a prefeita Hidalgo quanto o presidente do COI, Thomas Bach, asseguraram a realização das Olimpíadas de Paris 2024. O líder da organização dos Jogos tratou com naturalidade a convocação de novas eleições e afirmou que todos estarão juntos na competição.
“Vemos uma grande unidade em favor dos Jogos de Paris”, disse Bach. “A França está acostumada a celebrar eleições e voltará a fazê-las. Terá um novo Parlamento, e todo o mundo apoiará os Jogos.”
Fonte: revistaoeste