Na audiência geral realizada nesta quarta-feira, 14, no Vaticano, o Papa Francisco pediu por um Natal “mais humilde”, com menos celebrações e presentes e mais doações ao povo ucraniano.
Desde o início da guerra, no dia 24 de fevereiro de 2022, o pontífice tem feito com frequência apelos por ajuda à Ucrânia. O Vaticano chegou a organizar campanhas humanitárias para entregar roupas térmicas à população que sofre com o rigoroso inverno da região.
“É bom comemorar o Natal e fazer festas, mas vamos diminuir um pouco o nível de gastos do Natal”, afirmou. “Vamos fazer um Natal mais humilde, com presentes mais humildes, e vamos enviar o que economizarmos para o povo da Ucrânia.”
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No fim da audiência, Francisco destacou o sofrimento da população ucraniana nos últimos meses, que tem sofrido com ataques sucessivos da Rússia. Apesar do conflito ainda não ter perspectiva de acabar, o Papa afirmou que as celebrações devem continuar, mas sempre “com os ucranianos em nossos corações”.
Ao mesmo tempo que encorajou todos a aumentarem as preparações espirituais à medida que o feriado se aproxima, o pontífice também pediu “gestos concretos” de caridade.
“Eles estão com fome, estão com frio, muitos morrem por falta de médicos e enfermeiros”, acrescentou ele.
As preocupações do Vaticano com a situação do país é relembrada em quase todos os eventos públicos. Na semana passada, com voz trêmula e olhos embargados de lágrimas, o Papa falou sobre o “povo martirizado” e precisou pausar por alguns instantes a leitura do seu discurso, começando a chorar.
Recentemente, o pontífice provocou polêmica após colocar a culpa das crueldades que acontecem na guerra nos combatentes chechenos – um grupo étnico região Ciscaucásia, da Federação Russa – e outras minorias. De acordo com Francisco, eles não fazem parte da “tradição russa”.
O discurso, considerado racista, foi respondido pelo embaixador da Rússia na Santa Fé, que apresentou um protesto formal à jurisdição eclesiástica. Até o momento, o Vaticano ainda não se desculpou.
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Em outra crítica ao conflito, o Papa, mesmo após estimular que a Ucrânia tentasse abrir diálogo para as negociações de paz, afirmou que doações de armas dos países ocidentais a Kiev são “moralmente aceitáveis”.
“A autodefesa é não só lícita como uma expressão de amor pela terra natal. Alguém que não defende a si, que não defende alguma coisa, não ama essa coisa. Quem a defende, a ama”, argumentou na ocasião.
Os gestos de Natal do Papa não foram direcionados apenas para o povo ucraniano. O religioso também enviou cartas a chefes de Estados em todo mundo e pediu um “gesto de clemência” aos prisioneiros que forem elegíveis. Segundo ele, tal atitude poderia mostrar “uma abertura à graça do Senhor em um tempo marcado por tensões, injustiças e conflitos”.
Fonte: Veja