Enquanto a Rússia continua a atacar a infraestrutura de energia da Ucrânia, o chefe do órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas enfatizou no domingo 20 a necessidade de proteger a usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada pela Rússia, a maior da Europa, para evitar um desastre.
“Até termos essa usina protegida, existe a possibilidade de uma catástrofe nuclear”, disse Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, em entrevista à CBS News.
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A invasão russa à Ucrânia colocou em risco a planta de energia nuclear do país, que dependem de energia externa para resfriar seus reatores. Em Zaporizhzhia, essas linhas de energia foram repetidamente danificadas nos combates, forçando os operadores da usina a recorrer a geradores a diesel para operar os sistemas de refrigeração – prática insustentável, segundo Grossi, dada à volatilidade da energia externa.
“Quando os geradores ficam sem o que você coloca neles para fazê-los funcionar, o que acontece? Um colapso. Então você tem uma grande emergência nuclear radiológica ou um acidente, e é isso que estamos tentando evitar”, afirmou.
Em outubro, Grossi conversou com o presidente russo, Vladimir Putin, e com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para estabelecer uma zona desmilitarizada ao redor de Zaporizhzhia. Ele tem pedido medidas semelhantes desde que liderou uma equipe de inspetores para a instalação em agosto, mas nenhum acordo foi alcançado.
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Na semana passada, em um dos maiores e mais amplos ataques desde o início da guerra em fevereiro, a Rússia disparou mais de 100 mísseis contra a Ucrânia em um dia, a maioria abatida por forças ucranianas. O restante atingiu a infraestrutura de energia do país, deixando quase um quarto da população sem eletricidade.
Antes da guerra, usinas nucleares eram uma das principais fontes de energia da Ucrânia. No mês passado, a Rússia expandiu seus ataques às instalações nucleares ucranianas, visando a usina Khmelnytskyi, no oeste do país, e forçando-a a usar geradores a diesel para refrigeração por várias horas. Uma segunda usina nuclear na província vizinha de Rivne foi forçada a reduzir a energia produzida depois que as linhas de transmissão foram danificadas.
Na usina de Zaporizhzhia, os reatores estão desligados desde setembro como medida de segurança. Embora um ataque militar direto em um dos núcleos do reator ainda possa desencadear um acidente, o risco é bastante reduzido se a usina não estiver operando.
Quando uma dúzia de projéteis explodiu perto da usina de Zaporizhzhia no domingo, a Rússia e a Ucrânia culparam uma à outra pelo ataque.
Grossi inspecionou a usina de Zaporizhzhia em agosto e observou grandes buracos no telhado de uma instalação de armazenamento de combustível nuclear. O pátio elétrico da usina também foi bombardeado, disse ele, sugerindo que a Rússia estava tentando cortar o acesso da usina à eletricidade. Os trabalhadores da instalação também foram mantidos como reféns por soldados russos.
Grossi disse que espera que ambos os lados parem os ataques que ameaçam a fábrica.
“A demanda pela proteção da planta é muito importante”, disse Grossi. “Não se bombardeia uma usina nuclear. Não se ataca uma usina nuclear.”
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Fonte: Veja