Enquanto o mundo abria suas fronteiras à medida que se domava a pandemia, a China se manteve isolada por quase três anos, com a liberdade de ir e vir na nação mais populosa do planeta tosada pela política de “Covid Zero”. Nesse sistema, sob o rígido comando do governo de Xi Jinping, foram impostos testes em massa e quarentenas draconianas, e o país permaneceu trancado. Por isso uma notável euforia seguiu-se ao anúncio oficial, no domingo 8, de que as viagens estavam enfim liberadas, para chineses e estrangeiros, o que logo chacoalhou a paisagem dos aeroportos, apinhados de gente. Horas depois da reabertura das rotas aéreas e marítimas com a vizinha Hong Kong, já não havia assentos nos voos e 45 000 pessoas fizeram o trajeto de balsa rumo ao continente para reencontrar parentes que não viam desde o agora remoto início de 2020. Era o fim, portanto, de separações que foram ganhando contornos dramáticos conforme Pequim esticava as restrições. O que se vê é só o início de um movimento que se prevê muito mais intenso nos próximos quarenta dias, período do agitado Ano-Novo chinês, quando 2 bilhões de pessoas estarão em deslocamento para celebrar as festas com os familiares. Paira uma justificada preocupação de que as curvas de contaminação pelo coronavírus disparem, agravando a atual tendência de aceleração dos casos com o relaxamento das medidas de contenção. As projeções que despontam no horizonte, porém, permitem otimismo. Segundo analistas, o fim dos pesadelos da “Covid Zero” vai desemperrar as engrenagens da economia chinesa, que após dar marcha a ré deve avançar 5% neste ano. E o planeta respirará aliviado.
Publicado em VEJA de 18 de janeiro de 2023, edição nº 2824
Fonte: Veja