Cientistas da Universidade de Pequim descobriram que o núcleo interno da Terra pode inverter sua rotação. O fenômeno afetaria o funcionamento da duração dos dias, do mar e do clima do planeta. O estudo foi publicado na revista Nature Geoscience, na segunda-feira 23.
Os cientistas Xiaodong Song e Yi Yang, autores do estudo, explicaram que a reversão da rotação do núcleo interno tem a capacidade de reduzir a duração do dia em uma fração de milissegundo, ao longo de um ano, e ter um pequeno efeito no campo magnético da Terra, sem afetar a vida da superfície.
NEWS 🚨: Scientists are saying Earth’s rotating core appears to be slowing down and may even reverse directions pic.twitter.com/VqKZaVh9pO
— Latest in space (@latestinspace) January 24, 2023
Segundo o site da Nasa, a Terra é formada por quatro camadas principais: 1) núcleo interno; 2) núcleo externo; 3) manto; 4) crosta. O núcleo interno é uma esfera sólida formada por ferro e níquel, separado do resto do planeta pelo núcleo externo líquido. Dessa forma, ele gira de maneira diferente do restante da Terra.
Como foi feita a descoberta sobre o núcleo interno da Terra
Song e Yang analisaram ondas sísmicas de terremotos, com uma origem comum, que atravessavam o núcleo interno da Terra pela mesma rota desde 1960. Eles relataram que, entre 2009 e 2020, essa rotação parou e pode ter mudado de direção.
“Nós comparamos esse padrão recentemente observado com registros sísmicos de tremores dupletos (terremotos semelhantes) no Alasca e das Ilhas Sandwich (no Atlântico Sul), obtidos desde 1964, e ele parece estar relacionado com uma gradual reversão do núcleo interno, que seria parte de uma oscilação de cerca de 70 anos”, escrevem os cientistas.
De acordo com os pesquisadores, esse período não é fixo, e a última reversão pode ter acontecido no início dos anos 1970. No entanto, a estimativa não é “100% correta”, visto que as medições dos tremores eram menos frequentes e precisas naquela época.
Possíveis interpretações diferentes dos dados sísmicos
O professor John Vidale, da Universidade do Sul da Califórnia, analisou o estudo. Segundo o especialista, pode haver outras interpretações dos dados sísmicos.
“As mudanças que eles notaram são válidas, embora o que realmente está acontecendo não seja tão claro”, disse o professor. “Eles têm uma análise muito boa, e a teoria que colocam nos jornais é provavelmente tão boa quanto qualquer outra no momento, mas também há várias ideias concorrentes.”
Conforme Vidale, outros cientistas acreditam na possibilidade de o núcleo interno mudar sua rotação em intervalos mais curtos do que o ciclo de 70 anos, descrito pelos autores do novo estudo. Outras teorias sugeren que a rotação do núcleo interno parou entre 2001 e 2003, ou que não é realmente invertida, mas apenas mudou a maneira como gira.
Fonte: revistaoeste