O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, disse nesta terça-feira, 15, que uma reforma fundamental do Banco Mundial pode ser concluída dentro de um ano, de modo a reorientar seus gastos na crise climática e acabar com sua contribuição para o “colonialismo dos combustíveis fósseis”.
“Não sei por que precisa levar mais de um ano. Temos uma emergência em nossas mãos”, disse o ativista de longa data pela crise climática em entrevista ao jornal britânico The Guardian durante a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, a COP27, no Egito.
+ COP27: ‘Brasil escolheu parar a destruição da Amazônia’, diz Al Gore
Segundo ele, o órgão mundial é o principal responsável por ajudar o “colonialismo de combustível fóssil” através da corrida de gás na África e pediu por uma reforma urgente que irá fornecer trilhões de dólares para combater as mudanças climáticas.
“O Banco Mundial precisa ser reabastecido com um grande aumento e direitos de saque especiais. Eles precisam de trilhões, não de bilhões. Eles precisam reorientar sua missão em energia renovável”, disse.
O político, que tem a reforma da entidade como uma de suas principais metas, já havia pedido a demissão do atual presidente, David Malpass, depois que ele se recusou a comentar sobre a questão ambiental e firmar uma data concreta para eliminar o financiamento de combustíveis fósseis.
Para o ex-vice-presidente, Malpass se mostrou um negador do clima por muito tempo que insiste em fechar os olhos para o problema.
+ Ativistas climáticos pedem renúncia de presidente do Banco Mundial
“Não houve visão no sistema. E quando você tem um negador climático responsável por isso, o que eles veem não é a transição energética, eles veem seus amigos nas empresas de combustíveis fósseis e nos bancos, que também estão ligados às empresas de combustíveis fósseis”, completou.
Em resposta, o presidente do órgão procurou esclarecer a sua posição enviando um memorando aos funcionários reiterando o foco do banco na crise climática e até chegou a dizer que “as emissões de gases de efeito estufa estão trazendo impactos trágicos no desenvolvimento de várias maneiras”, durante palestra na Universidade de Stanford.
Além disso, um porta-voz da entidade afirmou que cerca de US$ 32 bilhões (R$ 170,5 bilhões), já foram fornecidos para financiamento climático em 2022. No entanto, o banco continuou a investir em projetos de combustíveis fósseis mesmo após o Acordo de Paris e seu financiamento de projetos para enfrentar a crise climática foi criticado como muito pouco e mal direcionado.
+ Lula chega ao Egito para a COP27 e pretende retomar compromisso ambiental
Um dos principais problemas se dá pelo fato de que os países em desenvolvimento que desejam avançar para energia renovável são caros, porque os financiadores do setor privado encaram a situação como um investimento de alto risco.
Figuras importantes da comunidade internacional endossaram o discurso de Gore e insistem por uma reforma no Banco Mundial, como a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, que usou o assunto como peça central de seu discurso de abertura para a conferência. O tema se tornou uma das pautas mais quentes da COP27 mesmo sem estar oficialmente nas mesas de negociação.
+ COP27: EUA cumprirão meta de redução de emissões até 2030, promete Biden
“Instituições criadas em meados do século 20 não podem ser eficazes na terceira década do século 21. Eles não descrevem questões atuais. A justiça climática não era um problema na época de sua criação”, disse Mottley.
Fonte: Veja