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Na China, papel em branco vira símbolo de protestos para evitar repressão

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Depois que raros protestos eclodiram na China neste fim de semana, pedindo por liberdade das intermináveis restrições contra a Covid-19, a polícia chinesa intensificou ações para reprimir as manifestações nesta segunda-feira, 28, realizando diversas prisões. Para tentar contornar a repressão, cartazes e papeis em branco tornaram-se o símbolo do movimento como forma de protesto silencioso.

Segundo agências de notícias, a polícia de Xangai deteve várias pessoas nesta segunda-feira na Wulumuqi Middle Road, que foi palco de protestos por duas noites seguidas. As autoridades também ergueram barreiras no local, e um jornalista da BBC, Ed Lawrence, que cobria um protesto no domingo, foi preso e detido por várias horas antes de ser liberado.

Embora alguns manifestantes tenham gritado slogans – chegando até a pedir a queda de Xi Jinping – a maioria passou a usar cartazes e pedaços de papel em branco para protestar contra as restrições da Covid-19 do país. É uma forma de protesto silencioso, para evitar censura.

A tendência tem suas raízes nas manifestações de Hong Kong, em 2020, quando seus habitantes usaram pedaços de papel em branco para protestar contra as novas leis de segurança nacional draconianas da cidade. Ativistas começaram a usar a tática depois que as autoridades proibiram slogans e frases associadas ao movimento.

Alguns argumentaram que o gesto não é apenas uma declaração sobre o silenciamento de críticas, mas também um desafio às autoridades, como se dissesse: “Você vai me prender por segurar uma placa sem dizer nada?”

Além de Xangai, grandes multidões foram às ruas na capital Pequim, bem como em Chengdu e Wuhan, frustradas com a abordagem Covid Zero do governo, que envolve testes em massa, quarentenas e lockdowns instantâneos.

Na segunda-feira, a China registrou 40.052 novos casos de Covid-19 – um quinto recorde diário consecutivo –, mais do que os 39.506 do dia anterior.

Covid Zero salva vidas?

Os protestos eclodiram após um incêndio na cidade de Urumqi, no oeste do país, que matou 10 pessoas, e a população alega que as medidas de restrição contra o coronavírus dificultou o resgate – o que as autoridades chinesas negam.

Não é a primeira vez que a política de saúde de Pequim está conectada a mortes mortes que as pessoas sentem que poderiam ter sido evitadas. No início deste mês, uma família em Zhengzhou disse que seu bebê morreu porque a ambulância atrasou devido às restrições da Covid-19.

Em setembro, os moradores de Chengdu foram impedidos de fugir de suas casas durante um terremoto de magnitude 6,6 que matou 65 pessoas. Também naquele mês, em Guizhou, um ônibus que transportava moradores para um centro de quarentena obrigatório virou, matando 27 passageiros.

Em outubro, uma menina de 14 anos em Henan, forçada a ficar em quarentena, morreu depois de desenvolver febre e não conseguir tratamento. E durante o bloqueio de Xangai em abril, as pessoas reclamaram da falta de comida e das difíceis condições enfrentadas pelos idosos que foram levados à força para centros de quarentena.

O líder chinês, Xi Jinping, insistiu que a política de Covid Zero salva vidas. A China registrou, oficialmente, pouco mais de 5.200 mortes pelo vírus – muito menos do que em outros países.

Fonte: Veja

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