Os seres vivos têm, naturalmente, expectativas de vida diferentes. O inseto voador Ephemeroptera, a efemérida, vive apenas 24 horas — uma vida verdadeiramente efêmera —, a Turritopsis dohrnii faz jus ao nome popular pela qual é conhecida: água-viva imortal. Elas podem regenerar os seus tecidos quando feridas. E quanto aos seres humanos? Qual é a nossa real expectativa de vida? A Lei de Gompertz traz a resposta.
Resposta perdida nas brumas do tempo
As reflexões mais antigas registradas sobre a brevidade da vida estão na Epopeia de Gilgamés, um conjunto de crônicas sobre o rei Gilgamés registrada em argila há quatro milênios na Mesopotâmia. O rei antigo buscava um meio de vencer a morte, mas o que ele encontrou é o que muitos consideram o sentido da vida:
“Os homens nascem, vivem e depois morrem, esta é a ordem que os deuses decretaram. Mas até o fim chegar, aproveite sua vida, gaste-a em felicidade, não em desespero”.
Os conselhos do rei, no entanto, não foram acatados. Isso porque, ainda hoje, cientistas dos melhores centros de pesquisa do mundo buscam por respostas análogas às de Gilgamés. Atualmente, a despeito de toda a técnica científica, a expectativa de vida média global é de 74 anos — de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
Porém, embora essa idade média tenha aumentado — em função da melhoria das condições de vida e do desenvolvimento da medicina —, há uma lei que rege a vida e a morte que ainda vigora desde sua formulação, há quase dois séculos.
Lei da vida e da morte
A origem dessa lei está nas implicações da Ciência Atuarial, que, de uma forma bastante específica, investiga a longevidade humana. Essa disciplina aplica modelos estatísticos a fim de avaliar riscos, principalmente nas indústrias de seguros e financeiras. Dito de modo mais específico: a lei da Ciência Atuarial possibilita estimar de maneira confiável o cálculo de taxas apropriadas para vender e comprar rendas vitalícias.
Origem da lei
O grande expoente dessa disciplina foi o matemático britânico Benjamin Gompertz, que trabalhava com seguros no século 19. Em 1825, Gompertz enviou um artigo científico à Royal Society de Londres sob o título de Sobre a natureza da função expressiva da lei da mortalidade humana e sobre um novo modo de determinar o valor das contingências da vida.
De acordo com o matemático britânico — um talentoso autodidata —, o modelo matemático estabelece que o risco de morte aumenta exponencialmente à medida que envelhecemos: é a Lei da Mortalidade Humana de Gompertz.
Em qual ano você vai morrer?
Basicamente, a Lei de Gompertz estabelece a probabilidade de morrermos em um determinado ano. A probabilidade dobra a cada oito anos. Se você, por exemplo, tem 25 anos, a probabilidade de morrer no próximo ano é minúscula: 0,03% — uma em 3 mil. Assim, aos 33, a probabilidade é de uma em 1.500; aos 42, uma em 750 e assim por diante. Aos 100 anos, as chances de viver até os 101 terão caído para 50%.
Assim, portanto, a Lei de Gompertz é fundamental para o entendimento da dinâmica da venda de apólices de seguro, e tornou-se uma ferramenta valiosa para especialistas como demógrafos, sociólogos e biólogos.
Fonte: revistaoeste