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Israel: Diferenças no combate ao Hamas e ao Hezbollah – Entenda as estratégias dos irmãos no terror

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Hamas e Hezbollah são dois inimigos declarados de Israel e têm convergências ao se apegar ao terror. Como dois irmãos, porém, têm similaridades e diferenças.

O conflito de Israel com esses dois grupos se baseia, por isso, em um objetivo único, que é o de neutralizá-los militarmente. No entanto, diferem algumas estratégias relacionadas a um, o Hezbollah, irmão mais velho fundado em 1982, e ao outro, o Hamas, que surgiu em 1987 — como o caçula nas práticas de terror e com uma infraestrutura menos abastecida.

A primeira diferença entre os dois é o fato de o Hamas ser muçulmano radical sunita e o Hezbollah, xiita. Tal assimetria, que se torna motivo de animosidade entre países como o Irã e a Arábia Saudita, naquela região é neutralizada. Em função do desejo único que ambas as entidades terroristas têm de destruir Israel.

Do ponto de vista estratégico, o combate contra o Hezbollah, na fronteira norte de Israel, ocorre a partir do sul do Líbano até a capital, Beirute.

Nessa trilha, as condições são mais variáveis e imprevisíveis. A topografia é acidentada, com montanhas, vales, cânions e densa vegetação.

No sul de Israel, a Faixa de Gaza tem cerca de 41 quilômetros de comprimento e entre 6 e 12 quilômetros de largura. É formada por uma planície costeira de terras arenosas, poucas elevações e vegetação limitada.

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A densidade populacional é muito alta. Os combates em terra ocorrem em becos, terrenos baldios e no rastreamento de túneis, com o suporte da Aérea.

As diferenças, portanto, se baseiam na natureza dos grupos, seu suporte externo e as particularidades geográficas e demográficas de suas regiões.

O Hezbollah, baseado no sul do Líbano e apoiado quase integralmente pelo Irã, é uma organização militar mais aprimorada, equipada com mísseis de longo alcance, drones. Tem o complemento de um sistema organizado de guerrilha, posicionado nesses terrenos montanhosos.

Em contraste, o Hamas, que governa Gaza, em sua área densamente povoada, se aproveita muito do uso de túneis para contrabando e ataques furtivos, além de mísseis de curto alcance. E a guerrilha é, mais do que um complemento, a base de seus combates.

O grupo investe em armas leves e lança-mísseis, o que se encaixa à necessidade de movimento rápido e discrição no ambiente urbano.

A independência relativa do Hamas em relação ao Irã (apesar de existir o apoio) permite uma operação mais autônoma, embora com recursos mais limitados​.

Na vestimenta, o Hamas, por meio de suas Brigadas al-Qassam, usa um estilo de uniforme verde ou camuflado, mais rústico e desgastado.

Seus membros frequentemente utilizam bandanas ou faixas de cabeça verdes com inscrições árabes. Também empregam coletes e equipamentos táticos para operações nas áreas povoadas.

O uniforme do Hezbollah é mais sofisticado. O grupo utiliza trajes militares semelhantes aos de forças convencionais, com camuflagem variada, maior presença de acessórios com cores escuras e uma maior gama de equipamentos. Seus integrantes treinam em pelotões mais amplos, bem ao estilo tradicional.

Nas operações contra o Hamas, em Gaza, as adotam bombardeios aéreos de precisão, com o objetivo, segundo a instituição, de minimizar danos colaterais em áreas civis, devido à alta densidade populacional.

Em paralelo, incursões terrestres são planejadas para lidar com a rede de túneis que o grupo usa para armazenar armas e lançar ataques-surpresa.

No sul do Líbano, a abordagem é mais ampla. , afinal, é mais desenvolvida, com túneis fortificados (mais consistentes por serem feitos de granito) e posições de ataque bem organizadas. A maior preocupação das FDI é neutralizar esses pontos, para prevenir o uso de armamento de longo alcance pelo grupo.

“Os dois grupos adotam terrorismo, guerrilha, invasões, tentativas de sequestro [civis e militares] etc.”, afirma a Jairo Gawendo, militar que está na reserva e já serviu às FDI nas duas regiões.

“Operacionalmente, o Hezbollah é melhor aparelhado e treinado pelo Irã,com treinamentos em campos em solo iraniano por oficiais da Guarda Revolucionaria e equipamentos, principalmente drones, capazes de burlar o sistema anti-aéreo israelenses”, completa ele, que é especialista em segurança no Brasil.

“O Hezbollah vem também demostrando eficácia em seu serviço de inteligência, haja vista o ataque à casa de veraneio do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o ataque à base de treinamento da unidade Golani, em Israel.”

O Hezbollah representa, em tese, uma resistência mais complexa devido ao seu arsenal mais moderno e às suas alianças bem estabelecidas com o Irã. Representa uma ameaça militar de maior porte.

Seu apoio financeiro e tecnológico permite o uso de armamentos de precisão. Isto exige das FDI estratégias que envolvem ofensivas terrestres e mais robustas.

Em Gaza, porém, ainda que o Hamas apresente uma resistência limitada e uma estrutura menos desenvolvida, a localização urbana e o uso de túneis criam desafios operacionais únicos. As FDI devem agir com cautela, para, segundo seus oficiais têm afirmado, evitar altas taxas de baixas civis​.

Os túneis construídos pelo Hamas em Gaza têm finalidades táticas específicas, como o armazenamento de munição e a realização de ataques furtivos contra Israel.

Já o Hezbollah utiliza sua rede de túneis fortificados principalmente para logística militar mais ampla e para o de mísseis. Possuem uma infraestrutura mais protegida, capaz de suportar ataques pesados e de sustentar longos combates.

Foram descobertos, na atual guerra, complexos túneis do Hezbollah que ultrapassavam a fronteira com Israel, planejados para ataques tão ou mais intensos do que os de 7 de outubro.

As dificuldades maiores com o Hezbollah decorrem do terreno montanhoso e da sofisticação das defesas do grupo, que opera quase como um “Estado dentro do Estado” no Líbano.

O Hezbollah conta com arsenais completos, que incluem mísseis de longo alcance e drones, propícios para ataques aéreos precisos.

“Em tese, a resistência do Hezbollah é maior, devido ao fator topográfico, ao armamento e ao treinamento desses terroristas; eles vêm se preparando há muito mais tempo”, observa Gawendo. “Quando eu era soldado, ainda em 1989, o Hezbollah já era um inimigo conhecido e temido. O Hamas ainda estava surgindo e se baseava em técnicas mais arcaicas.”

Tal suporte logístico, financeiro e estratégico do Irã exige que as FDI mantenham uma estratégia bem elaborada para conter as ameaças de longo alcance e minimizar os riscos de uma escalada regional.

Apesar da superioridade do Hezbollah em termos de logística, Israel, aparentemente, tem conseguido neutralizar rapidamente alvos do Hezbollah no Líbano.

As FDI danificaram parte dessa infraestrutura de forma eficiente e rápida, desde o início da incursão em 18 de setembro último.

Com relação ao Hamas, a demora para abalar a infraestrutura do grupo, desde os ataques de 7 de outubro de 2023, foi superior a um ano.

Esse desequilíbrio que inverte a resistência de ambos é explicado por vários fatores.

A geografia de Gaza é densa e urbana, o que complica as operações militares. O Hamas usa mais áreas civis como escudos humanos e uma extensa rede de túneis subterrâneos para ataques furtivos, o que dificulta operações rápidas e aumenta o tempo das ofensivas.

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Em contrapartida, no sul do Líbano, o Hezbollah opera em um terreno mais aberto e montanhoso, o que permite às FDI localizarem e alvejarem suas bases e instalações de maneira mais direta.

Esse tipo de terreno no Líbano, embora também adequado para guerrilhas, não oferece a mesma cobertura que áreas urbanas densas, o que facilita bombardeios mais eficazes por parte de Israel​.

Em Beirute, as incursões aéreas visam à logística administrativa e financeira do grupo, centralizadas na capital libanesa.

Além disso, embora o Hezbollah seja um grupo bem armado e tenha capacidade de retaliação, este ainda opera principalmente com infraestrutura externa ao Líbano e depende de áreas logísticas que podem ser atacadas mais rapidamente.

O Hamas investiu mais em estratégias de combate prolongado por meio de táticas de guerrilha urbana, o que força Israel a operar com mais cautela e maior dificuldade no rastreamento.

“Se formos pegar o sul do Líbano de leste a e de norte a sul, vai dar mais ou menos a dimensão da Faixa de Gaza”, diz Gawendo, em relação à extensão da área de combate.

Mas o que tem sido determinante para a resistência do Hamas, segundo ele, é justamente o fato de ele ser o irmão mais novo.

“Isso se deve aos alvos do Hezbollah serem já conhecidos de muitas décadas, já mapeados.”

Gawendo acredita que os erros da inteligência israelense em 7 de outubro ainda pesam na guerra em Gaza.

“A Faixa de Gaza deveria também estar já mapeada, mas alguma falha muito séria neste sentido foi o que acarretou o 7 de outubro”, ressalta o reservista das FDI.

“Foi como a ponta de um iceberg que estamos vendo agora. Para mim o serviço de inteligência dormiu no ponto em Gaza, enquanto no Líbano ele permaneceu atento.”

Fonte: revistaoeste

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