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Índia decide excluir a teoria da evolução e a tabela periódica do currículo escolar, gerando polêmica e questionamentos sobre o futuro da educação no país.

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O Conselho Nacional de Pesquisa e Treinamento Educacional (NCERT), órgão do Ministério da Educação da Índia, retirou do currículo escolar temas básicos da disciplina de ciências, incluindo a teoria evolução, a tabela periódica e assuntos relacionados à sustentabilidade ambiental. Segundo a Nature, a mudança vai afetar 134 milhões de alunos de 11 a 18 anos que retornam às salas de aula neste mês para o início do ano letivo.

Atualmente, mais de 24 mil escolas do país e 240 no exterior são afiliadas ao NCERT e usam material didático do órgão, informou a agência de notícias da Al Jazeera. O órgão ligado ao Ministério da Educação começou com a exclusão dos conteúdos durante a pandemia, alegando que era preciso diminuir a demanda sobre os alunos que estudavam remotamente no ápice da crise sanitária. 

Porém, mesmo com a volta do ensino presencial, o material didático impresso não contava com os assuntos previamente retirados. De acordo com o NCERT, era preciso “racionalizar a educação” e enxugar conteúdos repetitivos. Em um documento divulgado recentemente pelo órgão, um trecho reúne os diversos conteúdos temáticos descartados e que não vão mais ser avaliados. 

A longa lista revela exclusões que incluem a teoria da evolução e fontes de , debates sobre democracia e diversidade, além de partidos políticos e movimentos sociais. Reagindo às exclusões, mais de 1.800 cientistas e educadores organizados pela Breakthrough Science Society assinaram uma carta aberta se opondo a retirada dos tópicos.

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Segundo eles, apesar de poucas pessoas escolherem seguir a carreira de biologia, aqueles que decidirem fazer o curso nunca terão contato com esses temas básicos antes da graduação. 

“Conhecer e entender a teoria da evolução é algo fundamental para entender o mundo que nos rodeia. Embora muitos não percebam, princípios da seleção natural nos ajudam a entender como qualquer pandemia progride ou o motivo para que certas espécies sejam extintas, entre muitas outras questões fundamentais para uma visão de mundo racional”, diz o documento.

Para o grupo, as observações de Charles Darwin são de extrema importância pois elas levaram à teoria da seleção natural e educam os alunos sobre a importância do pensamento crítico.

“Privar os alunos que não optam particularmente por estudar biologia de qualquer exposição a esse assunto é uma farsa de educação”, continua o documento. 

O NCERT argumentou que os conteúdos foram excluídos por diversos motivos, como por irrelevância para o “contexto atual”, o “nível de dificuldade”, “ser de fácil acesso ao estudante sem que seja necessária a intervenção de professores” ou “repetir conteúdo similar”.

Alguns analistas afirmam que as mudanças no currículos estão relacionadas ao nacionalismo hindu  que predomina nas políticas do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Além das áreas de ciências, alguns conteúdos de história também foram cortados, como o império de Mughal, que esteve no poder desde o início dos anos 1500 até meados dos anos 1700, ou do episódio de Gujarat, em 2002, que deixou mais de mil mortos —em sua maioria, muçulmanos— na região em que Modi era ministro-chefe.

Na Índia, segundo dados do governo, os hindus constituem cerca de 80% da população, enquanto muçulmanos representam em torno de 14%. Durante os anos de poder de Modi, que alcançou o cargo de premiê em  2014, a perseguição a essa minoria cresceu principalmente pela tentativa de representar a Índia como um país historicamente hindu.

Fonte: Veja

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