Um medicamento específico contra a depressão pode ser eficiente para tratar um tumor agressivo no cérebro. O antidepressivo vortioxetina está em fase de testes, mas já apresenta resultados positivos no tratamento contra um câncer resistente, o glioblastoma.
Pesquisadores suíços descobriram em culturas de células e camundongos que o antidepressivo vortioxetina é capaz de passar pela barreira hematoencefálica e combater o tumor cerebral. O glioblastoma é a forma mais agressiva e letal de tumor no cérebro.
O artigo sobre a pesquisa foi publicada na revista científica Nature. O estudo é liderado pelo professor Berend Snijder, da ETH Zurich, na Suíça, e com autor principal Sohyon Lee.
Não se automedicar
Mas Michael Weller, professor do Hospital Universitário de Zurique, diretor do departamento de neurologia e coautor do estudo fez um alerta: por enquanto, não se deve usar o antidepressivo, sem supervisão médica.
“Ainda não sabemos se o medicamento funciona em humanos e qual dose é necessária para combater o tumor, razão pela qual os ensaios clínicos são necessários. A automedicação seria um risco incalculável.”
Ele lembra que até o momento a eficácia do vortioxetina foi testada apenas em culturas de células e em camundongos.
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Avanços na pesquisa
A equipe examinou 130 substâncias em tecido tumoral de 40 indivíduos. Foram usadas técnicas de imagem e análise de computador, segundo reportagem da GenGnews.
Os pesquisadores usaram um modelo de computador para testar mais de 1 milhão de substâncias quanto à sua eficácia contra glioblastomas.
Os resultados mostraram que, não todos, mas os antidepressivos testados inesperadamente foram eficazes contra as células tumorais.
Novos ensaios clínicos
Agora os cientistas preparam dois ensaios clínicos. Em um deles, pacientes com glioblastoma receberão vortioxetina, além do tratamento padrão (cirurgia, quimioterapia, radiação).
No outro, os pacientes vão se tratar com uma seleção personalizada de medicamentos, a ser definida.
“A vantagem da vortioxetina é que ela é segura e muito econômica”, disse Michael Weller, professor do Hospital Universitário de Zurique, diretor do departamento de neurologia e coautor do estudo.
Vantagens do antidepressivo
O pesquisador lembrou que o medicamento já foi aprovado, por isso, não precisa passar por procedimentos de aprovação complexo.
Segundo ele, em breve poderá ser utilizado como terapia suplementar.
Para o estudo, foram analisadas substâncias neuroativas, capazes de cruzar a barreira hematoencefálica, como antidepressivos, medicamentos para Parkinson e antipsicóticos.
Fonte: sonoticiaboa