Líder da China de 1993 a 2003, Jiang Zemin morreu nesta quarta-feira, 30, aos 96 anos, em Xangai. De acordo com a agência de notícias oficial Xinhua, a causa da morte foi falência de múltiplos órgãos e leucemia.
“O camarada Jiang Zemin foi um líder excepcional, um grande marxista, um grande revolucionário proletário, estadista, estrategista militar, diplomata, um combatente comunista de longa data e um líder excepcional da grande causa do socialismo com características chinesas”, diz uma carta assinada pelo Partido Comunista Chinês, pelo Parlamento e por militares, e veiculada pela agência Xinhua. “É uma perda incalculável para o nosso partido, nossos militares e nosso povo de todos os grupos étnicos”.
A morte de Jiang, no entanto, aconteceu em um momento tumultuado na China, no qual autoridades tentam conter um raro avanço de amplos protestos de cidadãos contrários às duras medidas de restrições contra a Covid-19, depois de quase três anos de pandemia. Chefe do país durante um período de crescimento econômico e abertura diplomática, a notícia da morte do ex-presidente provocou uma onda de nostalgia de tempos mais liberais.
Mesmo que Jiang tenha comandado a repressão contra protestos estudantis em Xangai que foram parte da onda de manifestações pró-democracia que levaram ao massacre da Praça da Paz Celestial, muitos chineses veem o período que ele comandou o país com otimismo, lembrando da esperança de abertura econômica e liberdade política.
Jiang foi visto pela última vez publicamente em 2019, durante um desfile militar em comemoração aos 70 anos da fundação da República Popular da China. Mais extravagante que seus antecessoras, às vezes recitava poemas ou tocava instrumentos musicais em encontros com autoridades. Em alguns momentos, jornais chineses chegaram a publicar algumas de suas poesias.
Com Jiang no poder, a abertura da China foi acelerada e as reformas econômicas aprofundadas, sempre com o Partido Comunista à frente. Em 2001, a China conseguiu entrar na Organização Mundial do Comércio (OMC) e ganhou o direito de organizar os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
Assim que a morte de Jiang foi anunciada, comparações começaram a surgir entre o ex-presidente e Xi Jinping, que acabou de assegurar seu terceiro mandato e vem colocando a China sob um governo mais linha dura, à exemplo da política de Covid zero, na qual duros lockdowns são implementados em todo o país, o que provocou uma acentuada desaceleração econômica.
Para alguns chineses, o otimismo do passado já não existe mais.
“Como se o que aconteceu não fosse suficiente, 2022 diz às pessoas de uma maneira mais brutal que uma era acabou”, escreveu um usuário de Pequim do Weibo, rede social chinesa, segundo a agência de notícias Reuters.
Muitos usuários relembraram ainda de um momento durante um longo discurso de Xi Jinping em um congresso do Partido Comunista, em 2017, quando Jiang, sem qualquer constrangimento, olhou para o relógio em diversas ocasiões, mostrando as brutais diferenças entre os líderes.
As publicações, para além de relembrar o passado, dão o tom da maior onda de desobediência civil desde que Xi Jinping assumiu o poder há uma década.
Segundo a agência de notícias Reuters, as autoridades chinesas estão procurado pessoas que protestaram durante o último fim de semana. Não se sabe o número de detidos nas manifestações.
Na terça-feira, a China suspendeu aulas em universidades e inundou as ruas com policiais, na tentativa de dispersar os protestos. Em um aparente esforço para combater o descontentamento da população, autoridades também anunciaram planos para intensificar a vacinação de idosos.
Os protestos, contudo, levantaram preocupações na cúpula do Partido Comunista Chinês. A comissão que supervisiona toda a aplicação da lei doméstica na China se reuniu nesta terça-feira, e seus membros culparam a “infiltração e sabotagem” por “forças hostis” e pediram uma repressão, de acordo com a agência de notícias estatal Xinhua.
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Fonte: Veja