O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na terça-feira 15 anunciou formalmente que vai concorrer à presidência pela terceira vez em 2024. O cenário que ele enfrenta, contudo, é bem diferente de 2016, quando venceu a corrida contra a democrata Hillary Clinton.
Trump continua muito popular entre apoiadores do Partido Republicano, com uma base de cerca de 30% de eleitores fiéis. Só que os candidatos que ele escolheu a dedo para concorrer nas midterms – eleições plantadas no meio do mandato presidencial, que têm fama de ser um referendo sobre o presidente em exercício (Joe Biden) não entregaram a esperada “onda vermelha” (cor do partido).
Muitos dos candidatos financiados pelo ex-presidente perderam as eleições em swing states, onde o partido de escolha costuma variar, deixando-o tão vulnerável quanto na época da invasão de trumpistas ao Capitólio, sede do Congresso americano, em 6 de janeiro de 2021.
O líder republicano, que terá 78 anos em 2024, deve enfrentar uma campanha difícil, já que outros membros do partido estão se popularizando, inclusive aqueles que o apoiaram em 2016. Apesar de manter um controle incontestável sobre a legenda, uma série de desafiantes podem complicar sua candidatura.
Ron DeSantis
O governador da Flórida, Ron DeSantis, segue os passos de Trump e tem se estabelecido como o candidato com maior probabilidade de substituí-lo nesse estágio inicial.
Ele ficou conhecido por condenar os mandatos de obrigatoriedade do uso de máscara contra a Covid-19, bem como os mandatos de vacinação. Além disso, assinou uma série de leis controversas: após uma onda de protestos por justiça racial do movimento Black Lives Matter, criou uma medida “anti-motim”, e apoiou um projeto para limitar o ensino sobre questões LGBTQIA+ em escolas.
Sob seu mandato, o comparecimento de eleitores republicanos superou o de democratas no estado pela primeira vez. Nas midterms, ele foi reeleito com mais de 1,5 milhão de votos – a maior margem do estado em mais de quatro décadas.
Aos 44 anos, o advogado de Harvard e Yale ainda é um recém-chegado na política dos Estados Unidos. Ele também serviu na Marinha, inclusive no Iraque, e era um membro pouco conhecido da Câmara dos Deputados de 2013 a 2018.
Mike Pence
Por quatro anos, Mike Pence foi um deputado leal a Trump e serviu como seu vice-presidente – até a invasão do Capitólio no ano passado. Depois que Pence se recusou a ajudar o ex-presidente a reverter sua derrota eleitoral em 2020, manifestantes pró-Trump que invadiram o Congresso cantaram: “Enforquem Mike Pence!”. Desde então, os dois mantiveram distância.
Pence também lançou endossos a vários candidatos republicanos neste ano, incluindo o governador da Geórgia, Brian Kemp, que venceu o oponente apoiado por Trump.
O ex-vice presidente, 63 anos, é um evangélico e sua participação da campanha republicana de 2016 ajudou a conseguir mais eleitores da religião, um bloco crucial de votação. Ele foi eleito para a Câmara em 2000 e serviu até 2013, descrevendo -se como um “conservador de princípios”.
Além disso, é considerado menos explosivo que Trump, tanto que o ex-presidente americano se voltou contra ele por não ter “coragem” depois que ele se recusou a ajudar a anular os resultados das eleições de 2020.
Liz Cheney
A filha do ex-vice-presidente dos Estados Unidos Dick Cheney já foi uma estrela em ascensão no Partido Republicano, tendo servido como a terceira republicana mais poderosa na Câmara de 2019 a 2021. Conservadora em questões econômicas e sociais com opiniões de política externa intervencionista, ela conquistou o antigo assento de seu pai em 2017, representando Wyoming no Congresso e trabalhou em consonância com o governo Trump.
Contudo, Cheney, 56 anos, tornou-se uma das únicas republicanas no Comitê do Congresso que investiga a invasão do Capitólio, tendo criticado Trump vocalmente pelo seu papel na incitação do tumulto. Por conta disso, perdeu seu poder no partido. Ela foi destituída de seu cargo de liderança, formalmente repreendida e não é mais reconhecida pelo Partido Republicano de Wyoming.
Mike Pompeo
O congressista do Kansas Mike Pompeo emitiu um aviso gritante em 2016 de que Trump seria “um presidente autoritário que ignora nossa Constituição”. O veterano do Exército se formou em primeiro lugar em sua classe na prestigiada Academia Militar de West Point, e serviu na Câmara entre 2011 e 2017. O advogado de Harvard, depois, atuaria como diretor e secretário de Estado da CIA no governo Trump.
Ele desempenhou um papel importante nas principais propostas de políticas externas dos Estados Unidos, desde ajudar a planejar as cúpulas de Trump com Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, até ajudar a derrubar décadas de política dos Estados Unidos em relação a Israel.
Mas ele tem tido atitudes questionáveis, confrontou repórteres e passou por pelo menos duas investigações de ética.
Glenn Youngkin
Glenn Youngkin foi parabenizado pelo Partido Republicano quando venceu a corrida para governador na Virgínia no ano passado. Ele derrotou um congressista democrata que estava na política desde os anos 1980.
Desde o primeiro dia no comando, o político de 55 anos apoiou e sugeriu medidas extremamente controversas: desde a revogação das restrições contra a Covid-19 do estado até a proibição do ensino da “teoria crítica racial” – a história do racismo estrutural, com raízes na escravidão – nas escolas.
Ele apoiou os republicanos em todo o país nesta eleição. Em um comício no mês passado, ele atraiu críticas por minimizar o violento ataque por motivações políticas ao marido da presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, e depois pediu desculpas.
Nikki Haley
Nascida na Carolina do Sul, filha de imigrantes sikhs do Punjabi, Haley se tornou a governadora mais jovem do país em 2009. Ela ganhou atenção nacional em 2015, depois de pedir a remoção da bandeira confederada do Capitólio da Carolina do Sul.
No entanto, mesmo sendo considerada uma das jovens promessas mais brilhantes do Partido Republicano, Nikki Haley tem perdido sua popularidade nos últimos anos. A parlamentar de 50 anos tem hesitado sobre seu apoio a Trump, e atraiu muitos críticos no processo. O ex-presidente teria se recusado a se encontrar com ela no ano passado.
Apesar de dizer que “não era fã” de Trump em 2016, ela mais tarde aceitou sua nomeação para ser o embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, um mandato que foi marcado por sua saída dramática de uma reunião do Conselho de Segurança durante a fala de um enviado palestino.
Rick Scott
Rick Scott é um legislador de 69 anos da Flórida, que foi encarregado de ajudar os republicanos a reconquistar o Senado este ano. Ainda não está claro, contudo, se Scott teve sucesso, mas ele teve um papel crucial para a campanha republicana, pois arrecadou dinheiro para candidatos em todo o país – o que mostra sua habilidade entre potenciais apoiadores.
Ex-governador da Flórida por dois mandatos, ele foi criticado pelos democratas depois de propor grandes reduções no tamanho do governo federal.
Outros candidatos que o presidente terá que ficar de olho são o senador Tim Scott, da Carolina do Sul, o ex-procurador-geral do Texas, Ted Cruz, o governador de Maryland, Larry Hogan, o governador do Texas, Greg Abbot e a governadora da Dakota do Sul, Kristi Noem.
Fonte: Veja