Não é novidade a notícia que as mudanças climáticas afetam os ecossistemas: as altas temperaturas, fenômenos climáticos intensos, derretimento de geleiras e a elevação do nível do mar impactam diretamente a vida na Terra. Agora, um grupo de pesquisadores analisou o estado de conservação de espécies ameaçadas de extinção e percebeu que, pela primeira vez, as alterações do clima são um risco maior para esses seres vivos do que outras causas de perda de biodiversidade.
Para isso, Talia E. Niederman e uma equipe de pesquisadores da organização de conservação Defenders of Wildlife, examinou 2.766 espécies ameaçadas de extinção incluídas na lista oficial da Lei de Espécies Ameaçadas (ESA), que atua sobre os Estados Unidos. O relatório final apontou que 91% das espécies listadas são afetadas pelo clima.
De acordo com os autores, “com a adição de dados abrangentes sobre sensibilidade climática, a mudança climática é um fator de estresse tão prevalente para as espécies listadas pela ESA quanto o uso da terra e do mar; essa tendência provavelmente se aplica de forma mais ampla também.”
Os pesquisadores separaram a análise em cinco razões antrópicas para a perda de biodiversidade: mudanças climáticas, mudanças no uso da terra e do mar, superexploração de espécies, poluição e espécies invasoras – a grande maioria delas sofre principalmente pela alteração do ecossistema decorrente das mudanças climáticas.
Porém, vale mencionar que muitos dos seres vivos no território americano sofrem o efeito de mais de uma das categorias. Entre as espécies mais sensíveis estão: corais, bivalves e anfíbios.
Algo parecido acontece no Brasil. De acordo com um estudo da Universidade Federal do Espírito Santo, 40 espécies de pequenos mamíferos da Mata Atlântica e do Cerrado terão seus habitats reduzidos pelas mudanças climáticas até 2070, colocando em risco 45% delas.
Outra pesquisa, realizada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostra como o risco das mudanças climáticas para os biomas brasileiros impacta negativamente 90% das espécies, e ameaça em 25% a extinção delas.
Para os autores americanos, “não precisamos de mais pesquisas para saber que a biodiversidade enfrenta múltiplas ameaças persistentes. Abordar prontamente os cinco fatores que causam a perda de biodiversidade em todos os espaços afetados será fundamental para evitar novas extinções.”
Além disso, os autores enfatizam a importância de correr atrás para preencher as lacunas de informações. Muitas vezes, as avaliações das espécies não estão devidamente atualizadas, o que pode esconder questões adicionais de preocupação. Por fim, eles recomendam “incluir explicitamente a sensibilidade climática nas decisões de listagem e planos de gestão da ESA” para ajudar a lidar com o perigo de um clima em rápida mudança.
Fonte: abril