Sophia @princesinhamt
Cuiabá

Moradores do Santa Rosa se unem contra falta de energia e buscam solução na Justiça

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Grupo do Whatsapp Cuiabá
Quatorze moradores e empresários do bairro Santa Rosa, em Cuiabá, estudam acionar na Justiça a concessionária de energia elétrica, a Energisa, em razão das constantes e duradouras quedas do fornecimento na região. Além de ficarem por um período de até cinco horas sem luz em meio ao calor cuiabano, muitos relatam prejuízos econômicos e equipamentos queimados por conta das inconstâncias na rede.
 
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Reprodução

“Resolvemos reunir e, se for o caso, entrarmos com uma ação coletiva. Sempre que uma ventania acontece, o transformador não aguenta. A gente chega a escutar o estouro”, contou a ex-presidente do bairro, Elaine Paiva, que em troca de mensagens com moradores da região contou que até o momento há 14 pessoas interessadas em ingressar com a ação contra a concessionária.

Sobre o que de fato acontece momentos antes das ‘quedas de luz’, o presidente do bairro José Pires Júnior contou que basta um ventinho para que transformadores explodam. As equipes de reparo da Energisa vão ao local, mas não demora muito precisam retornar para consertar o mesmo problema sucessivamente. 

“Geralmente, explode o transformador e demora pra caramba para voltar [a energia]. Nesse ano agora, o mês de setembro, foi inteiro assim. Não pode dar um ventinho que acaba”, relatou em entrevista ao .

Elaine, que atua como psicanalista, afirmou que já não consegue realizar atendimentos online, pois o trabalho em home office ficou inviável com as quedas repentinas de energia. Segundo ela, entre agosto, setembro e o início de outubro, ela já protocolou mais de dez pedidos de religação junto à concessionária.

A situação também afeta empresários da região, considerada uma das mais nobres da Capital. O Santa Rosa abriga moradores tradicionais e é cercado por um polo comercial, com hospital particular, shopping, clínicas médicas, escritórios de advocacia e diversos outros estabelecimentos.

“Os imóveis acabam sendo desvalorizados. Inquilino não quer mais saber de alugar por conta dessas constantes quedas de energia. Tem muitas clínicas, escritórios de advocacia. Em um domingo sem energia, precisei sair de carro com meu filho para fugir do calor. Passamos em um posto de combustíveis e eles também estavam sem poder funcionar”, relatou a psicanalista.

Além do desconforto, moradores relatam danos a equipamentos eletrônicos. Entretanto, diante da burocracia para acionar a concessionária e obter indenização, muitos acabam arcando com os custos por conta própria.

“Lá em casa várias lâmpadas queimaram. Esses dias, acabou e voltou, mas quando voltou, as lâmpadas estavam todas queimadas. Já aconteceu do pessoal com geladeira, mas vai fazer o que? Chama um técnico que ainda vai avaliar, fazer um orçamento. Muita burocracia, não dá de esperar”, ponderou uma moradora.

Com a frequência das quedas, o tema passou a dominar os grupos de WhatsApp da comunidade e até virou motivo de piada.

“Já virou motivo de chacota. Qualquer ventania colocam lá no grupo ‘oremos’, porque fica aquele medo e receio”, contou Elaine.
 

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Arquivo pessoal

Em algumas mensagens compartilhadas por ela, um morador desabafa: “Cara, que ódio. O que está acontecendo com nosso bairro? Todo fim de semana essa safadeza?”. Outro complementa: “Não é possível, energia cara, impostos absurdos e fica toda semana faltando energia um dia sim e outro não”.

As interrupções, segundo os relatos, são mais frequentes aos fins de semana, quando a maioria das pessoas está em casa e o consumo de energia aumenta.

Ainda conforme Elaine, os moradores acreditam que a causa pode estar relacionada à sobrecarga na rede desde a abertura de um shopping na região.

Foi justamente por grupo de mensagens que surgiu a ideia de acionar a Justiça. Até o momento, há 14 interessados em integrar a ação, mas pode ser que esse número cresça.

“Isso começou a acontecer depois da construção do shopping. Nós não sabemos se não foi feito um estudo por parte da concessionária para viabilizar esses transformadores, dada à alta demanda de potência para o shopping. Porque é certinho, em toda época de chuva. Mas agora parece que está pior”, finalizou.

O entrou em contato com a Energisa para esclarecer os motivos dos sucessivos picos de energia no bairro e região, mas até o fechamento deste material, não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestação da concessionária.

Os serviços prestados pela Energisa em Mato Grosso já estão sob o crivo da Comissão Especial criada pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT),  que deu início ao ciclo de audiências regionais para discutir a renovação da concessão de energia elétrica no estado. 

O contrato de concessão de distribuição de energia vence em 2027, mas, segundo informações apresentadas na audiência, já existem tratativas de renovação com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sem ampla divulgação pública. A possibilidade de prorrogação ou rompimento vem mobilizando o Legislativo e setores da sociedade, diante das constantes reclamações sobre tarifas, quedas de energia e atendimento.
 

Fonte: leiagora

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