O governador Mauro Mendes (União) enviou um áudio ao presidente da Aprosoja, Fernando Cardore, para apagar a propagação de um ‘princípio de incêndio’ após ele defender pena de confisco e perda de bens a quem praticar desmatamento ilegal no país durante reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) na tarde desta terça-feira (15), na 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 27), em Sharm El Sheik, no Egito. Segundo Mendes, é preciso ter leis mais duras.
A proposta deve ser formalizada via minuta de projeto de lei nas próximas semanas. A reação, no entanto, não foi boa. Tanto entidades ligadas ao agro quanto deputados estaduais criticaram a fala de Mauro, defendendo a “propriedade privada”.
Mauro enviou áudio a Fernando Cardore, justificando sua fala. Segundo ele, “qualquer ideia nova, meio disruptiva, causa uma certa apreensão”. Porém, se se não forem aplicadas leis mais duras, o Brasil sofrerá embargos internacionais. Segundo o governador, a pressão “está grande”.
“Eu sou um cara que gosta das coisas corretas, estou enxergando como, acho que muitos já começam a enxergar, que essa pressão internacional pelo desmatamento é uma pressão que está aumentando cada vez mais”, pontuou.
“A Europa já está provando aqui, regulamentos nos seus parlamentos, que vai proibir as empresas deles de comprarem qualquer produto no Brasil ou nas florestas tropicais, que venha de área de desmatamento. Não é desmatamento ilegal. Por que o mundo está tendo essa pressão sobre o Brasil, sobre alguns países? Porque, em primeiro lugar, há muitos anos nós estamos com esse negócio de desmatamento ilegal. É ilegal, mas está crescendo, está diminuindo, está crescendo, desmatamento ilegal pra cá, desmatamento ilegal pra lá e a reação internacional por essa pressão ambiental está aumentando, e vai chegar um ponto que muito provavelmente esses caras vão conseguir impor isso ao Brasil. E aí nós vamos perder é tudo”, completou.
Mauro ainda argumentou que as penas atuais não dão conta da realidade, e que muitas pessoas continuam na ilegalidade porque as consequências são brandas. O governador afirmou que Mato Grosso gastou, nos últimos quatro anos, em torno de R$ 180 milhões para combater o desmatamento ilegal, mas não está resolvendo. Ele citou, ainda, uma conversa que teve com um secretário de Meio Ambiente do Amazonas, que contou que muitas pessoas preferem ser multadas, pois assim terão um documento oficial para gerar direito de posse. Também citou que em Rondônia, muitos usam ‘laranjas’ para serem multados.
“Quem pratica esse crime em Mato Grosso é menos de 1%, é 0,5%. 99% das pessoas fazem a coisa correta. Se 99% faz a coisa correta, olha o prejuízo que esse 1% está dando para nós? Olha o prejuízo que essas pessoas estão dando? A imagem do Brasil, do Mato Grosso, do agro. O dano ambiental. Esse tema ambiental é um tema muito importante e que cada vez mais vai ter importância por causa dessa história do aquecimento global. Então não tem como a gente fugir disso”, disse Mauro.
Para que esta ideia de Mauro se torne realidade, é necessário que seja aprovada uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) no Congresso Nacional.
Fonte: esportesenoticias