Para Mendes, o episódio reforça um cenário de crises políticas que desviam o foco dos reais problemas enfrentados pela população.
“Eu lamento que o Brasil, mais uma vez, viva esse capítulo de prisão de um presidente. Lamento profundamente que as crises institucionais e políticas têm dominado grande parte da atenção daqueles atores que deviam estar mais preocupados com o país, com os problemas reais que afligem o cidadão”, disse.
Sem entrar nos detalhes do processo, Mauro afirmou que, como cidadão e como governador, não identificou qualquer movimento concreto de golpe no país.
“Eu não vi nenhum golpe sendo praticado no país. Eu vi, no dia 8 de janeiro, milhares de brasileiros revoltados, indignados, que cometeram um crime, sim, porque vandalismo é crime. Invadir patrimônio, depredar é crime e merecia uma pena”, afirmou.
O governador, no entanto, questionou a dosimetria das penas e a interpretação de que haveria uma tentativa articulada de ruptura institucional.
“Discordo que seja 14, 16 anos. Eu não vi aquelas pessoas lá, generais, praticando nenhum golpe. Não vi nenhum tiro, não vi um tanque na rua, não vi nenhum ato concreto. Pensar algo errado é crime? Pensar em fazer algo errado? Alguém já foi condenado por isso no Brasil?”, disse.
Para ele, o episódio gera preocupação sobre os caminhos institucionais do país.
“Eu fico assim, me questionando e lamento profundamente que isso seja mais um capítulo ruim da história política do nosso país”, completou.
A fala do governador ocorre após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal manter, por unanimidade, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que converteu a prisão domiciliar de Bolsonaro em prisão preventiva. O ex-presidente está detido desde sábado (22), na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Segundo a Polícia Federal, novos elementos apontaram risco concreto de fuga e ameaça à ordem pública, especialmente diante da iminência do trânsito em julgado da condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Entre os fatos apresentados, estão a violação da tornozeleira eletrônica e a convocação de apoiadores para uma vigília próxima à residência do ex-presidente.
Ao defender sua decisão, Moraes destacou que Bolsonaro descumpriu reiteradamente medidas cautelares. O ministro Flávio Dino, presidente da Primeira Turma, acrescentou haver registros anteriores de planos de fuga, o que, somado à confissão do ex-presidente sobre a violação do monitoramento eletrônico, configuraria “flagrante risco de evasão”.
Fonte: Olhar Direto






