“Acho que tem que ter, nesse país, uma maior contribuição de quem mais pode contribuir. Se tem gente super rica por aí, ele pode sim contribuir, tem que contribuir mais com o país”, disse o governador. Mendes comparou a possível taxação dos super ricos à decisão que tomou ao assumir o Executivo de Mato Grosso, quando aumentou a arrecadação do Fethab (Fundo Estadual de Transporte e Habitação) junto aos produtores. “Só que eu apliquei corretamente o dinheiro. O que revolta muita gente no país não é só pagar mais imposto, é não ver o dinheiro dos impostos voltando adequadamente”, afirmou.
O debate nacional sobre justiça tributária voltou ao centro da agenda após o Congresso Nacional derrubar um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que previa o aumento das alíquotas do IOF. A medida era considerada essencial pelo governo para alcançar a meta de resultado primário. A reação parlamentar foi acompanhada de uma ofensiva digital de setores do governo, que passou a associar o Congresso a uma agenda contrária aos mais pobres — resumida pela expressão “Congresso inimigo do povo”.
Para Mauro, no entanto, o aumento do IOF é uma proposta com impacto direto no cotidiano dos trabalhadores. “Eu sou contra o aumento de qualquer imposto. Mesmo porque isso tem um efeito pernicioso, vai ser um efeito danoso no crédito. Vai gerar impacto no dia a dia de todas as operações feitas pelo próprio trabalhador, pelas pessoas simples. Quando elas forem comprar alguma coisa a prestação, vão pagar um IOF maior. Isso é ruim para a economia.”
O governador também reforçou que o problema não está apenas na arrecadação, mas no uso dos recursos. “O governo tem que, além de cobrar mais impostos, cortar a despesa. Essa história de cortar despesa está sendo falada, mas efetivamente nada foi apresentado até agora. Muito pouco. E isso me parece que está acontecendo no governo federal.”
Segundo Mendes, a experiência de Mato Grosso mostra que é possível equilibrar as contas com aumento de receita e contenção de gastos. “Nós trabalhamos para aumentar a receita, mas trabalhamos para cortar a despesa. E eu faço isso todos os dias lá, evitando que a despesa cresça para sobrar dinheiro para investir. Se estamos fazendo a BR-163, se estamos construindo hospitais, é porque o governo fez essa lição de casa.”
Na última sexta-feira (4), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu os efeitos dos decretos que tratavam sobre o IOF e marcou uma audiência de conciliação entre Executivo e Legislativo para o dia 15 de julho, em Brasília. A decisão ocorre em meio ao impasse político sobre o tema e às críticas de parlamentares que consideraram a medida unilateral do governo como um desrespeito à autonomia do Congresso.
Fonte: Olhar Direto