“Esse episódio das adolescentes que espancaram a colega mostra que a bandidolatria é um mal que está tomando conta dos nossos jovens em todo o país, com alguns imitando o modo de agir das facções”, disse o governador. “O sonho de ser modelo ou jogador de futebol, tão comum antigamente, hoje se transformou no sonho de entrar pro mundo do crime.”
A agressão aconteceu dentro da Escola Estadual Carlos Hugueney, e o caso foi filmado pelas próprias estudantes. As imagens, que circularam nas redes sociais e em aplicativos de mensagens, mostram a vítima sendo agredida com pedaços de pau por pelo menos quatro alunas. Segundo as autoridades, o ataque estaria relacionado à atuação de um grupo com estrutura semelhante à de organizações criminosas.
De acordo com o governador, as agressoras foram apreendidas pela Polícia Civil, por determinação da Justiça, e estão internadas em uma unidade socioeducativa. “Sem liberdade e com a ressocialização, terão tempo para refletir e decidir se o que querem é uma vida curta e trágica proporcionada pelas facções, ou focar nos estudos e terem orgulho da própria trajetória”, pontuou.
Em coletiva de imprensa realizada também nesta quarta-feira, o secretário de Estado de Educação, Alan Porto, confirmou que a escola será transformada em uma unidade cívico-militar. Segundo ele, a decisão visa coibir qualquer forma de organização interna com comportamento similar ao de facções.
“Não foi simplesmente um problema de indisciplina escolar. O que nós vimos pela fala do delegado é que existia uma organização com estrutura hierárquica e regras que envolviam violência. Uma liderança estava cooptando menores dentro da escola”, afirmou o secretário.
A Polícia Civil apura se o grupo tinha ligação direta com organizações criminosas. Segundo o delegado responsável pela investigação, Marcos Paulo Batista de Oliveira, o grupo impunha regras e punições semelhantes às impostas por facções. Uma das normas estabelecia que, se a vítima chorasse durante os castigos, seria expulsa.
Além da transformação da escola, o secretário informou que a Secretaria de Educação já iniciou o recrutamento de policiais da reserva para atuarem na nova configuração da unidade. Ele ainda garantiu que a gestão seguirá atuando para impedir que práticas semelhantes se instalem em outras escolas da rede estadual.
Mato Grosso possui atualmente 130 escolas cívico-militares. A Secretaria afirma que vai continuar prestando acolhimento às famílias, aos estudantes e aos profissionais da educação da unidade em Alto Araguaia.
Fonte: Olhar Direto