“O Abilio não pode abrir mão das suas funções de cuidar da saúde. Ele foi eleito, ele conhecia isso. Se não conhecia, devia ter conhecido antes. Nenhum prefeito veio com essa historinha”, disparou o governador. Mauro ainda reforçou que a Prefeitura tem obrigações legais com a saúde e que “não se trata de escolher o que quer ou não gerir”.
A declaração vem como resposta à fala de Abilio na última quarta-feira (23), quando afirmou que estuda a possibilidade de devolver ao Estado a gestão da média e alta complexidade em saúde, mantendo sob responsabilidade do município apenas as unidades básicas, UPAs e centros especializados. Segundo o prefeito, o modelo atual deixou de ser vantajoso para Cuiabá porque “já existe outro grupo investindo” nos hospitais e a regulação, segundo ele, está nas mãos do Estado.
“O paciente da UPA depende do governo do Estado para ir para o HMC, pronto-socorro ou São Benedito. A gente nem tem mais a gestão do nosso próprio paciente”, reclamou Abilio.
O governador, porém, contestou o argumento. Disse que a regulação centralizada é o modelo mais eficiente, já que permite a gestão de leitos em todo o Estado, inclusive com transferências entre municípios. “Se ele quiser pagar sozinho todo o custo da saúde de Cuiabá e de todo cidadão de Cuiabá, teria que sair totalmente da regulação e do custeio estadual e federal”, advertiu o governador.
Ele também apontou que a gestão plena não é uma escolha, mas uma pactuação formal que envolve recursos da União, do Estado e do município. “Cuiabá recebe dinheiro do governo federal para ser gestão plena”, afirmou, reforçando que qualquer mudança precisa ser construída de forma técnica, dentro dos gabinetes, e não por declarações públicas.
“Um assunto tão sério como esse tem que ser tratado com seriedade, entre técnicos, e não na imprensa”, pontuou o governador. “É importante que não comecemos a fazer um jogo de empurra-empurra”, acrescentou.
Mauro, que também é ex-prefeito de Cuiabá, também usou sua experiência para rebater as queixas. “Pode olhar todos os anos que eu fui prefeito. Não tinha Santa Casa, não tinha Hospital Central, o Metropolitano era um hospital pequeno. Mesmo assim, nunca deixei de cuidar da saúde nem fiquei nesse tipo de reclamação”, declarou.
Abilio ainda se queixa de repasses insuficientes por parte do governo estadual, afirmando que, embora pactuado em R$ 5 milhões mensais, Cuiabá só tem recebido R$ 2,5 milhões. Segundo ele, o município gasta cerca de R$ 30 milhões por mês apenas com o Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) e o São Benedito.
Caso a proposta de transferência de gestão seja concretizada, Abilio disse que os recursos atualmente destinados aos dois hospitais seriam aplicados na reforma de unidades básicas e na ampliação da saúde preventiva.
Apesar da tensão, o governador afirmou que pretende abrir diálogo com o prefeito. “Vamos fazer uma conversa mais técnica com o Abilio. Ele precisa parar de fazer isso na imprensa. Tem que ser técnico com técnico, como manda a responsabilidade”, concluiu.
Fonte: Olhar Direto