Algumas mariposas da família Sphingidae enganam os olhos pouco atentos: com um voo ágil, batendo as asas muito rapidamente, elas conseguem pairar diante de flores e usam seus probóscides (as “trombas” alongadas) para sugar néctar. É uma estratégia quase idêntica à usada pelos beija-flores – e até o som emitido pelos insetos lembra o das aves. Não à toa, são chamadas popularmente de mariposas-beija-flor.
Essas mariposas existem em todo o mundo, mas as que mais lembram os pássaros vivem principalmente nas Américas. As cores variam de acordo com a espécie, e elas costumam ter hábitos diurnos. São importantes polinizadoras e possuem um rabo que também lembra o dos beija-flores.
A curiosa semelhança chama a atenção de cientistas há tempos: durante sua viagem ao Brasil, na década de 1850, o naturalista inglês Henry Bates precisou de dias de observação para finalmente conseguir diferenciar os beija-flores das mariposas da espécie Aellopos titan, segundo ele mesmo relatou em seu famoso livro “The Naturalist on the River Amazons”. Alguns povos nativos da região até acreditavam que a mariposa podia se transformar no beija-flor, conta o naturalista.
Há um debate sobre por que essas mariposas se parecem tanto com beija-flores. É possível que esse seja um exemplo de “evolução convergente”: quando pressões do ambiente levam a organismos distintos desenvolverem, de forma independente, as mesmas características.
Neste caso, a dieta baseada em néctar das mariposas e dos beija-flores teria selecionado os indivíduos mais adaptados para pairar diante das flores enquanto voam e sugar o líquido açucarado. Alguns tipos de morcegos e abelhas também têm um comportamento parecido. Por isso, esta e a hipótese mais aceita entre cientistas.
Mas também é possível que seja um tipo de mimetismo: as mariposas imitariam os beija-flores para escapar de predadores (em geral, aves insetívoras). Ou também é possível que a semelhança seja uma combinação dos dois fatores.
Fonte: abril