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Economia

Marcos Lisboa: Governo Lula falhou na solidez fiscal e afastou investidores

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Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o economista Marcos Lisboa, ex-secretĂĄrio de PolĂ­tica EconĂŽmica no governo Lula 1 e atual presidente do Insper, criticou o pacote de ajuste fiscal anunciado na semana passada pela gestĂŁo petista. A conversa foi divulgada neste domingo, 1Âș.

Para Lisboa, o novo conjunto de medidas do falha em oferecer a solidez fiscal necessĂĄria para atrair e manter investidores no Brasil. “Essa foi a aposta pesada dos investidores no começo do governo”, afirmou o economista, referindo-se Ă  expectativa que Lula garantisse estabilidade fiscal a longo prazo, o que nĂŁo se concretizou. “Os nĂșmeros estĂŁo aĂ­. SĂł que deu errado.”

De acordo com o economista, a reação negativa do mercado, refletida na alta do dólar, não é um reflexo de especulação. Trata-se, sim, de um autoboicote causado por um pacote fiscal tímido e mal estruturado.

Os erros do governo Lula

Lisboa diz que o pacote anunciado, em vez de corrigir as distorçÔes estruturais do sistema tributĂĄrio e resolver o problema da PrevidĂȘncia Social, trouxe medidas genĂ©ricas e sem impacto real no controle das despesas. “Em vez de enfrentar os problemas de forma clara, o governo tenta criar uma narrativa maniqueĂ­sta, como se estivesse lutando contra o mal”, afirmou.

Segundo o economista, a isenção de para rendas até R$ 5 mil, combinada à criação de um imposto para tributar os super-ricos, apenas aumentou a incerteza e não endereçou as questÔes fiscais fundamentais.

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Lisboa tambĂ©m questiona a viabilidade do novo imposto mĂ­nimo sobre os milionĂĄrios, ao alegar que a medida, embora pareça acertada em termos de intenção, acaba por preservar distorçÔes tributĂĄrias ao invĂ©s de corrigi-las. “O governo propĂŽs uma solução simples para problemas complexos, sem enfrentar as distorçÔes com a profundidade necessĂĄria”, criticou o economista, referindo-se aos regimes tributĂĄrios especiais, como o Simples Nacional, que permitem que empresas e pessoas de alta renda paguem menos impostos.

Por que os investidores estĂŁo fugindo

O economista Ă© cĂ©tico em relação Ă  eficĂĄcia das medidas para reduzir o rombo fiscal do paĂ­s, estimado em R$ 350 bilhĂ”es. Ele alerta que, sem ajustes adequados nas despesas, como as associadas ao crescimento do nĂșmero de beneficiĂĄrios da PrevidĂȘncia, o governo pode enfrentar sĂ©rias dificuldades no futuro — incluindo a paralisia da mĂĄquina pĂșblica.

Lisboa enfatiza que o governo perdeu uma grande oportunidade de realizar ajustes significativos enquanto a economia estava em um momento relativamente favorĂĄvel. “Em vez de aproveitar o bom momento da economia para fazer reformas profundas, o governo expandiu gastos e agora tenta fazer ajustes em um cenĂĄrio mais difĂ­cil”, observou. Ele acredita que, ao nĂŁo realizar uma reforma fiscal robusta, o governo desperdiçou uma chance crucial de estabilizar as finanças pĂșblicas a longo prazo.

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Na visĂŁo do economista, o grande problema do Brasil Ă© a falta de uma visĂŁo clara e de longo prazo sobre as contas pĂșblicas. Apesar dos bons nĂșmeros da economia no curto prazo, como o baixo Ă­ndice de desemprego e o consumo elevado, Lisboa diz que o paĂ­s estĂĄ caminhando para um futuro incerto. A instabilidade fiscal e a falta de medidas efetivas para corrigir os problemas estruturais da economia estĂŁo fazendo com que investidores, que apostaram na solidez fiscal prometida, agora optem por desinvestir no Brasil.

Cautela sobre a economia brasileira

“Os investidores perderam muito dinheiro”, afirmou. “Eles acreditaram que o governo entregaria o que prometeu, mas a realidade tem sido bem diferente.” O economista destacou que a falta de uma política fiscal clara e consistente tem gerado incerteza, o que levou a uma fuga de investidores e à alta do dólar.

Em relação ao futuro da economia brasileira, Lisboa Ă© cauteloso. Ele acredita que ainda hĂĄ uma oportunidade de corrigir os equĂ­vocos do pacote fiscal, mas ressalta que isso depende da disposição do governo em enfrentar os problemas de forma estruturada. “O governo precisa ter um diagnĂłstico claro e transparente dos problemas”, observou. “Caso contrĂĄrio, os investimentos continuarĂŁo a minguar, e a economia brasileira ficarĂĄ cada vez mais vulnerĂĄvel.”

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Fonte: revistaoeste

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