A Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) firmou esta semana um acordo de cooperação técnica com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), durante o 12º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, em São Paulo. O objetivo é fortalecer a troca de informações entre os setores público e privado, com foco em inovação, sustentabilidade e maior previsibilidade para os produtores rurais.
O documento foi assinado pelo secretário de Política Agrícola, Guilherme Campos, e pelo presidente do Conselho de Administração da Anda, Eduardo de Souza Monteiro. Entre os pontos centrais, está o aprimoramento das estatísticas setoriais, que permitirá gerar indicadores mais confiáveis e oferecer aos agricultores brasileiros referências de tendência de preços.
“Hoje, os preços dos fertilizantes são definidos fora do Brasil, o que deixa o produtor sem previsibilidade. Com esse acordo, teremos condições de indicar tendências e dar mais segurança na hora da negociação”, explicou Campos.
O acordo também prevê estímulo à produção de bioinsumos, mobilização de recursos para práticas sustentáveis e diálogo estruturado sobre mudanças regulatórias, de forma a atender demandas prioritárias do setor. A mobilização de recursos inclui tanto aportes financeiros quanto estratégias não financeiras, como estudos comparativos da pegada de carbono de produtos nacionais e importados – fator que pode valorizar os adubos de baixo carbono no mercado global.
Durante o congresso, especialistas apresentaram projeções sobre o consumo de fertilizantes no Brasil até 2050. O cenário otimista prevê que, em 2035, o país poderá alcançar um consumo anual de 61,5 milhões de toneladas. O setor, no entanto, ainda enfrenta grandes desafios, como a dependência de importações – 85% dos fertilizantes e 90% das tecnologias vêm do exterior – e o descompasso logístico, já que quase metade dos insumos entra pelos portos do Sul e Sudeste, enquanto o maior consumo se concentra no Centro-Oeste.
Na programação também foi destacado o programa Caminho Verde Brasil, criado em 2023, que busca recuperar cerca de 40 milhões de hectares de pastagens degradadas, sendo 28 milhões aptos à agricultura intensiva. O avanço dessa conversão tende a elevar ainda mais a demanda por fertilizantes.
O congresso apresentou ainda experiências da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), modelo que combina atividades em uma mesma área e vem gerando ganhos de produtividade, sequestro de carbono, bem-estar animal e renda para produtores. Segundo o presidente executivo da Rede ILPF, Francisco Matturro, a tecnologia pode assumir diversas combinações, unindo duas ou três atividades em sistemas mais sustentáveis.
Ao final, Guilherme Campos reforçou que o Mapa tem buscado atuar com inteligência estratégica, seja na oferta de crédito por meio do Plano Safra, seja na criação de políticas regulatórias que fortaleçam a competitividade e a sustentabilidade da produção agrícola nacional.
Fonte: cenariomt