Depois de meses de espera, o momento mais importante para uma gestante é o parto. É quando mãe e bebê se encontram pela primeira vez, por isso, a preparação para esse dia começa muito antes. Então imagine passar pela seguinte situação: na hora em que as dores começam, você recorre ao hospital, mas lá tem seu filho sozinha, em um banheiro, sem nenhuma assistência.
Foi exatamente isso que aconteceu com Joseane Domingues, de 27 anos.
Joseane começou a sentir as dores do parto nesta sexta-feira (14). Por volta das 14 horas, foi para o Hospital Regional de Campo Grande. Ficou na unidade até meia-noite, mas foi liberada e voltou para casa com o marido, o mestre de obras William Carvalho da Silva.
Quando amanheceu, perdeu líquido e por isso voltou ao hospital. Já eram 7 horas quando chegou a unidade. Joseane estava com a mãe e, por horas, as duas aguardaram atendimento, mas foram informadas de que havia apenas um médico para todas as gestantes.
Na tentativa de ajudar a filha, que gritava de dor, a mãe de Joseane buscou ajuda da assistência social, mas segundo William foi tratada com grosseria.
“A assistente social falou que tinha que esperar a médica. Foi arrogante com a minha sogra e minha esposa com dor. Não era só ela, tinha mais uma gestante também minha que estava esperando, aguardando, estava na frente da minha esposa ainda na fila”.
William Carvalho da Silva
Enquanto aguardava, Joseane foi ao banheiro e lá teve sua filha, Rafaella. Sozinha, sem ajuda da médica ou de qualquer integrante da equipe de enfermagem do hospital.
“Só tinha uma médica no hospital daquele tamanho e acabou que minha esposa ganhou um neném dentro do banheiro. Eu fico indignado porque na hora de cobrar imposto, na hora de querer dinheiro, eles procuram tirar dinheiro da gente de tudo que é forma. Aí chega na hora que a gente precisa, a gente fica igual bicho. Eu acho que bicho é tratado melhor que a gente. E se acontecesse alguma coisa com a minha filha, com a minha esposa?”
William Carvalho da Silva
Segundo William, os enfermeiros só apareceram quando a sogra gritou para avisar que o bebê havia nascido dentro do banheiro. Com a filha no colo, Joseane finalmente recebeu atendimento e foi encaminhada para a cirurgia de laqueadura.
Para a família, no entanto, o momento de alegria vai ficar para sempre marcado pelo descaso da equipe médica do Hospital Regional.
“Eu não quero nada, eu só quero que alguém tome a providência para que não aconteça com outra família, com outra mãe, entendeu? Isso daí, querendo ou não, é um risco pro bebê né, nascer num lugar desse sem nenhum profissional estando perto”.
William Carvalho da Silva
Apesar do susto, Rafaella nasceu saudável e está bem.
O diz o HR
Procurado pela reportagem o Hospital Regional informou que não vai se manifestar sobre o caso. Confira a nota do HR na íntegra.
“O HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) reafirma seu compromisso em oferecer atendimento de excelência à população, contribuindo diretamente para a promoção da saúde e do bem-estar dos pacientes. Em respeito a todos os envolvidos, ao sigilo legal dos prontuários médicos e à Lei Geral de Proteção de Dados, o hospital não se pronuncia sobre casos específicos.”
Fonte: primeirapagina