Christinny dos Santos
Única News
A família de Ney Muller Alves Pereira, de 42 anos, homem em situação de rua morto pelo procurador da Assembleia Legislativa (ALMT), Luiz Eduardo Figueiredo Rocha e Silva, pede que a justiça seja feita e que o servidor seja condenado pelo crime. O desejo dos familiares é que a vítima não se torne “apenas mais um número na estatística de morte de moradores de rua”.
O crime aconteceu na noite de quarta-feira (09), na Avenida Edgar Vieira, popularmente conhecida como avenida da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Em uma Land Rover, Luiz Eduardo encostou em uma calçada, próximo de onde estava Ney, o chamou e, na sequência, efetuou um disparo de arma de fogo contra a vítima, atingindo-a no rosto.
O irmão de Ney, David Alves, pede que ele seja visto como uma pessoa, um ser humano cuja vida tem valor como qualquer outra.
“A gente não quer vingança, a gente quer justiça. Eu quero fazer aqui um apelo às autoridades constituídas do Estado do Mato Grosso que venham também fazer coro com a gente por justiça, porque isso aí não pode ser mais um número da estatística em que era um morador de rua, era um qualquer, uma pessoa que não tem valor algum para a sociedade. Não, era uma vida!”, disse David, em entrevista à repórter Angélica Gomes, no programa Cadeia Neles, da TV Vila Real.
Iracema Alves, a mãe de Ney, diz que mal conseguiu acreditar que o filho havia sido morto por um procurador de Justiça. Foi difícil, mesmo após ter visto a cena, que foi registrada por uma câmera de monitoramento. “Eu não acreditei no momento em que eu vi as fotos. Procurador da Assembleia Legislativa, eu não acreditei que ele tinha matado o meu filho. Quando eu vi os vídeos, ele chamando o meu filho, eu não acreditei que ele era capaz de fazer uma coisa dessas que ele fez”, disse Iracema.
Mas agora, ela deseja que Luiz Eduardo pague pelo crime que cometeu.
“Eu quero que ele pague pelo que ele fez. Eu quero que a justiça seja verdadeira e que sinta o coração dessa mãe que está partida por esse secretário tirar a vida do meu filho, que ele não deveria ter feito isso, porque se alguém fizer com o filho dele, eu sei que ele vai sofrer também. Meu coração está partido, meu coração. Não foi só ele que mataram, mataram um pedaço de mim também”, pediu, lamentando.
A vítima
Ney Muller sofria de transtornos mentais e fazia tratamento desde os 4 anos de idade, mas quando chegou na juventude, ele passou a sair sozinho de casa e a andar pelas ruas quando tinha algum tipo de surto.
Durante uma das internações em hospital psiquiátrico no estado de São Paulo, Ney acabou fugindo e passou cinco meses perdido, foi quando começou a usar drogas. Depois de tantas intervenções, ele acabou desistindo do tratamento, deixou a casa da mãe e passou a ficar nas ruas. Além de atestar o transtorno mental, o laudo médico de da vítima, datado de novembro de 2024, aponta que ele é totalmente incapaz e impossibilitado de exercer atos da vida civil.
Prisão
O procurador Luiz Eduardo se apresentou na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na tarde de quinta-feira (10). A defesa do servidor, patrocinada pelo advogado Rodrigo Pouso Miranda, alegou que o crime não foi execução, pois já existia uma situação anterior ao fato, isto posto que seu cliente já havia visto Ney momento antes, mas não o matou.
O inquérito policial ainda está andamento, no entanto, em coletiva concedida à imprensa, o delegado Edison Pick, que conduz a investigação, concordou que não se trata de execução, devido à falta de elementos que caracterizem este tipo de crime. Mas, diz que o crime pode ter sido premeditado e, com as informações obtidas até o momento, o procurador responderá por homicídio qualificado por motivo fútil, emboscada e traição.
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Fonte: unicanews